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Orion exibe caveiras feitas da poluição
Intervenções feitas pelo artista por túneis de SP, entre 2006 e 2009, são recriadas no subsolo do CCBB
FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é preciso lata de spray
para fazer estragos pela cidade,
como descobriu o artista paulistano Alexandre Orion, 32.
Em 2006, ele começou a desenhar caveiras nas paredes dos
túneis de São Paulo, usando a
técnica do "reverse graffiti", algo como "grafite do avesso".
Uma vez no túnel, sujo pela
poluição dos carros, Orion
"limpava" com um pano seco,
preso na mão como uma luva,
fazendo o formato de centenas
de crânios. O registro documental dessas intervenções,
batizadas de "Ossário", está no
Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, até maio.
"Nesse local exclusivo para
carros, queria representar o
humano, transformar o túnel
em catacumba", diz Orion, que
chegou a ser abordado diversas
vezes por policiais e funcionários da CET, nesse projeto que
realizou em túneis até 2009.
"Eles chegavam e perguntavam
o que eu estava fazendo. E eu
dizia, estou limpando, só isso."
No subsolo do CCBB, ao redor do antigo cofre da casa, o
artista recriou o espaço claustrofóbico dos túneis com cerca
de 30 placas metálicas, por um
extensão de mais ou menos 15
metros. As chapas foram sujas
com carvão vegetal, e Orion repetiu os desenhos de caveiras.
Numa intervenção no túnel
Max Feffer, sob a av. Faria Lima, em 2006, Orion chegou a
desenhar mais de 3.500 crânios
em 17 dias. Foi o tempo que a
Prefeitura levou para mandar
um caminhão-pipa ao local.
"Mas eles lavaram só a parte
das caveiras, o resto ficou sujo
como antes", conta Orion.
Fuligem vira tinta
A exposição traz ainda um vídeo sobre os trabalhos, apresentado numa retrospectiva de
grafite na Fundação Cartier,
em Paris, em 2009. Há também
textos e fotografias, nas quais
aparecem Orion em ação ou lidando com as diversas abordagens da polícia pela madrugada. Para evitar a identificação
dos policiais, as fotografias foram alteradas e caveiras pintadas no lugar de seus rostos.
Com a fuligem retirada durante anos dos túneis, Orion
vem testando uma espécie de
tinta, com a qual pretende fazer
uma série de pinturas.
Seu trabalho anterior mais
conhecido é o conjunto de fotografias "Metabiótica", no qual
registra a interação de transeuntes com as pinturas que fez
em muros da cidade. A obra
rendeu exposição na Pinacoteca do Estado, em 2004. O site
do artista traz o vídeo "Ossário"
e fotografias de ambos projetos
(alexandreorion.com).
OSSÁRIO
Quando: ter. a dom., das 10h às 20h;
até 9/5 (fechado às segundas)
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel.
0/xx/11/3113-3651; livre)
Quanto: entrada franca
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