São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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Orion exibe caveiras feitas da poluição

Intervenções feitas pelo artista por túneis de SP, entre 2006 e 2009, são recriadas no subsolo do CCBB

FERNANDA EZABELLA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é preciso lata de spray para fazer estragos pela cidade, como descobriu o artista paulistano Alexandre Orion, 32. Em 2006, ele começou a desenhar caveiras nas paredes dos túneis de São Paulo, usando a técnica do "reverse graffiti", algo como "grafite do avesso".
Uma vez no túnel, sujo pela poluição dos carros, Orion "limpava" com um pano seco, preso na mão como uma luva, fazendo o formato de centenas de crânios. O registro documental dessas intervenções, batizadas de "Ossário", está no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, até maio.
"Nesse local exclusivo para carros, queria representar o humano, transformar o túnel em catacumba", diz Orion, que chegou a ser abordado diversas vezes por policiais e funcionários da CET, nesse projeto que realizou em túneis até 2009. "Eles chegavam e perguntavam o que eu estava fazendo. E eu dizia, estou limpando, só isso."
No subsolo do CCBB, ao redor do antigo cofre da casa, o artista recriou o espaço claustrofóbico dos túneis com cerca de 30 placas metálicas, por um extensão de mais ou menos 15 metros. As chapas foram sujas com carvão vegetal, e Orion repetiu os desenhos de caveiras.
Numa intervenção no túnel Max Feffer, sob a av. Faria Lima, em 2006, Orion chegou a desenhar mais de 3.500 crânios em 17 dias. Foi o tempo que a Prefeitura levou para mandar um caminhão-pipa ao local. "Mas eles lavaram só a parte das caveiras, o resto ficou sujo como antes", conta Orion.

Fuligem vira tinta
A exposição traz ainda um vídeo sobre os trabalhos, apresentado numa retrospectiva de grafite na Fundação Cartier, em Paris, em 2009. Há também textos e fotografias, nas quais aparecem Orion em ação ou lidando com as diversas abordagens da polícia pela madrugada. Para evitar a identificação dos policiais, as fotografias foram alteradas e caveiras pintadas no lugar de seus rostos.
Com a fuligem retirada durante anos dos túneis, Orion vem testando uma espécie de tinta, com a qual pretende fazer uma série de pinturas.
Seu trabalho anterior mais conhecido é o conjunto de fotografias "Metabiótica", no qual registra a interação de transeuntes com as pinturas que fez em muros da cidade. A obra rendeu exposição na Pinacoteca do Estado, em 2004. O site do artista traz o vídeo "Ossário" e fotografias de ambos projetos (alexandreorion.com).


OSSÁRIO
Quando: ter. a dom., das 10h às 20h; até 9/5 (fechado às segundas)
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651; livre)
Quanto: entrada franca



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