São Paulo, sábado, 22 de abril de 2000


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Índios ocupam oca moderna em SP a partir de amanhã

Mostra do Redescobrimento, que abre no Ibirapuera, reinaugura com artes indígenas espaço fechado há 14 anos 500 ANOS
Prédio circular, no parque Ibirapuera, em SP, faz parte do evento que será inaugurado amanhã
Oca de Niemeyer ganha cores indígenas

Divulgação
Máscara usada em ritual de iniciação da tribo uaiana, no Pará


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local


O prédio em forma de cúpula no parque Ibirapuera, uma das maiores jóias arquitetônicas brasileiras, de autoria de Niemeyer, terá a partir de amanhã uma função mais nobre do que ser o símbolo paulistano da inoperância, característica que o marcou nos últimos 14 anos, período em que foi sede do Museu de Aeronáutica e do Museu de Folclore. É que amanhã começa a Mostra do Redescobrimento, e o prédio abriga três dos módulos do evento: dois de arqueologia e um de artes indígenas.
No último subsolo, predominam os tons ocres das cerâmicas provenientes dos sítios arqueológicos brasileiros. Nos pavimentos acima, muitas cores e lembranças de culturas vivas ou suprimidas pelo contato com os colonizadores brancos. Lá estarão o vermelho das penas do guará no manto tupinambá, que volta ao Brasil pela primeira vez desde o século 17, quando foi levado para a Dinamarca pelo holandês Maurício de Nassau. Também estão os pontilhados e tracejados dos uaianas (como registra o dicionário "Aurélio; ou wayanas, como grafa Lúcia Hussak van Velthem, curadora do módulo Artes Indígenas e pesquisadora da cultura da tribo por 20 anos).
Os uaianas servem de introdução ao módulo. Das cerca de 600 obras da mostra, 120 são deles.
As obras vieram de cinco museus brasileiros e sete museus europeus. Peças mais antigas, anteriores ao final do século 19, não existem no Brasil, mas são conservadas em museus etnográficos europeus, como os de Copenhague, Berlim, Dresden, Viena, Roma, Lisboa e Coimbra, que cederam obras para o evento.
"Os objetos europeus foram colecionados pela nobreza a partir do século 16 e foram recolhidos principalmente por pesquisadores que se aventuravam pela América do Sul a partir do norte do continente", disse a curadora.
"Os uaianas são um exercício demonstrativo de toda a cultura e artes indígenas e sua produção exemplifica bem o conceito de "objetos valorizados", aquilo que mais se aproxima da noção de arte em nossa cultura. Não são apenas os objetos rituais e a plumária que são arte", complementou.
A mostra do Redescobrimento será inaugurada amanhã (para convidados) pelos presidentes Fernando Henrique e Jorge Sampaio, de Portugal. Para o público, o evento abre na terça.
A mostra estará aberta de terça a sexta, das 14h às 22h, e sábados, domingos e feriados, das 9h às 22h. Outras informações podem ser obtidas no site do evento: www.br500anos.com.br ou pelo tel. 0800-780500. Fica em cartaz até 7 de setembro.


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