LUIZ ROBERTO OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Tom Jobim sempre teve o olhar voltado para o antigo, e para valores que considerava essenciais e permanentes em nossa cultura.
Tinha o hábito de escrever com lápis e borracha composições, arranjos, letras, textos, desenhos e confessava que, quando fazia partituras, a borracha era frequentemente mais usada que o lápis.
Nunca usou computador, com exceção de um pequeno dicionário eletrônico para traduções, que lhe era útil em suas pesquisas literárias em outras línguas.
Quando contratou uma museóloga para dar ordem em sua papelada e organizar seus arquivos, um sem-número de manuscritos incluindo cadernos, partituras, textos e pequenos desenhos, costumava brincar com amigos dizendo que "estava sendo empalhado vivo".

Internet
Deixou este planeta sem ter conhecido a internet. E vários fãs do compositor que hoje visitarão seu site oficial pela primeira vez ficarão tentados a imaginar como Tom Jobim se deliciaria ao ver tanta informação sobre ele chegar instantaneamente aos países mais distantes.
Leria com gosto alguns e-mails, ouviria suas músicas e curtiria os vídeos na telinha.
Com o bom humor habitual, arriscaria comentários do tipo "e se alguém disser que o Tom Jobim hoje está lento?", ou mesmo "o Tom Jobim hoje não está carregando".
E voltaria ao seu lápis, à sua borracha e ao seu piano coberto de livros, retratos, papéis, dicionários e uma miríade de pequenos objetos. Nesse ambiente de aparente desordem, Tom e seus parceiros criaram as melodias e letras que, dia após dia, são ouvidas e cantadas por pessoas de diversas culturas e credos, pelo mundo afora.
O site oficial de Antonio Carlos Jobim que hoje entra no ar é mais um importante passo para a preservação e difusão da obra do compositor.
Hoje como antes, Tom continua sendo empalhado vivo, pois é vivo que ele permanece em nossa memória e em nosso amor por suas músicas inigualáveis.