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Von Büllow possuía Steinway raro
da Reportagem Local
No início do século 19, numa orquestra, apenas os solistas, como o
violinista e compositor Niccollò
Paganini (1782-1840), atraíam
multidões de admiradores incondicionais. Bem mais tarde, o primeiro maestro a reunir um seleto
fã-clube foi Hans Guido von Büllow (1830-1894).
Em 1854, a Steinway & Sons produziu três pianos, com caixa em
jacarandá da Bahia, que presenteou às três grandes personalidades da música germânica de então.
O primeiro foi para Liszt, o segundo para Wagner, e o terceiro
para von Büllow. O seu Steinway
tem o número de série 182. Os que
são produzidos hoje estão com a
numeração acima de 540 mil.
Outra curiosidade: quando a família Steinway se mudou para os
Estados Unidos, seus remanescentes na Alemanha produziram os
instrumentos com números de séries de 1 até 640.
Assim, trata-se de um instrumento alemão, feito em
Brawmschweig, cidade próxima a
Hanover. O Steinway voltaria a ser
fabricado na Alemanha -por
uma empresa familiar, subsidiária
da matriz norte-americana- só
60 anos mais tarde.
Pois o instrumento esteve no
Brasil por 11 anos, entre 1975 e
1986. Em 1985, foi usado pelo pianista Amaral Vieira, no Festival de
Campos do Jordão, e para a gravação de um LP com peças de Wagner transcritas por Liszt.
Eugênio Follman, pianista e ``luthier'' húngaro radicado no Brasil,
era o então proprietário do instrumento. Ele diz tê-lo comprado em
1969, na Alemanha, da família Hoberg, uma das atuais ramificações
da genealogia von Büllow.
Ele se separou de sua mulher,
que ficou com o piano e o vendeu
para um marchand de Nova York,
chamado Maximilian Rutten, a
quem a Folha localizou e contatou. Rutten, no entanto, não respondeu ao fax que indagava sobre
o destino do Steinway. Follman
obteve no ano passado a informação de que ele estava na Áustria.
O Steinway von Büllow (a assinatura do primeiro proprietário está
dentro da caixa, com a data de
1862) é um instrumento que qualquer pianista ou colecionador
adoraria possuir.
Pela sonoridade que produz,
mas também pelo encanto de se
imaginar quem nele já tocou. Como von Büllow foi genro de Liszt, é
provável que esse, por exemplo,
tenha utilizado o instrumento.
O Steinway pertenceu ao maestro quando esse ainda era muito
amigo de Richard Wagner, cujo
Steinway gêmeo teria sido destruído durante a última Guerra.
O relacionamento entre Wagner
e von Büllow azedou quando Wagner se apaixonou por Cosima, que
abandonou o maestro para se casar com o compositor. É provável
que von Büllow tenha por isso se
aproximado de Brahms, inimigo
estético de Wagner.
(JBN)
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