São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000
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Escritor de HQs fala com exclusividade à Folha sobre novos projetos e criações para a Internet Stan Lee Nas mãos do inimigo
ALEXANDRE MARON DA SUCURSAL DO RIO Para milhões de fãs em todo o mundo, o único termo de uso possível neste momento é "heresia". Stan Lee, 77, o homem que criou o Homem-Aranha, o Quarteto Fantástico e os X-Men para a editora Marvel Comics, vai escrever histórias para a editora rival, a DC Comics. Lee produzirá 12 revistas nas quais contará, em cada uma, a história de um personagem da DC como se fosse ele quem o tivesse criado. Estão na lista os grandes heróis da editora: Super-Homem, Mulher Maravilha, Batman, Flash e Aquaman. "Foi uma proposta irrecusável. Eles me pediram para fingir que esses personagens não existiam. Eu teria de recriá-los para os dias de hoje, com o meu estilo", conta Lee à Folha, por telefone, de seu escritório na StanLee.Net -o seu novo estúdio de criação de obras exclusivamente para a Internet. O acordo entre Lee e a DC é um duro golpe no humor dos fãs mais puristas, mas lembra que as HQs são um negócio como qualquer outro. "Acredito que essas revistas vão fazer as pessoas falarem das HQs o bastante para que possamos atrair de volta antigos leitores e conseguir novos fãs", diz. Para Scott McCloud, autor do livro "Descobrindo os Quadrinhos", que analisa a linguagem das HQs, Lee está fechando um ciclo. "Muitos artistas gostam da sensação de fechar um círculo de suas vidas. Super-Homem e Batman são os personagens que ele deve ter lido quando era jovem. Acho que isso é parte do motivo." Falar em juventude perto de Lee o deixa ainda mais animado. Casado há 52 anos e quase chegando aos 80, ele mantém um ritmo acelerado de criação e não pára de delinear novos projetos. "Comecei a StanLee.Net aos 76 e pretendo abrir um outro negócio quando chegar aos cem." Depois de começar a criar os personagens da Marvel em 1961, Lee se mudou, em 1980, para Los Angeles. Sua missão era coordenar as adaptações dos personagens para desenhos animados. Quando a editora entrou em processo de concordata, na segunda metade de 1990, Lee teve seu contrato vitalício de exclusividade cancelado. Na hora de renegociá-lo, fez um acordo mais liberal. "No novo contrato, tenho um cargo honorífico. Trabalho para eles 10% do meu tempo. No resto, posso fazer o que quiser", diz. Foi esse acordo que permitiu que Lee criasse a série de revistas para a DC e a sua nova empreitada: a empresa StanLee.Net (www.stanlee.net). Na Internet está seu grande projeto. Em pouco mais de um ano, Lee já criou as séries "Seventh Portal", "The Accuser" e "Drifter". E mais: avisa que filmou uma participação no filme "X-Men", que estréia no Brasil em agosto. "Fiz uma aparição ao estilo Alfred Hitchcock. Se você prestar atenção, me verá em uma das cenas como um vendedor de cachorro-quente", afirma, sem parar de rir. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: "Sinto que fiz tudo nas HQs", diz Índice |
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