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ARTES CÊNICAS
Buissonnière une dança, teatro, cinema, música e projeções no espetáculo baseado em Virginia Woolf
"Orlando" multimídia e "agridoce" chega a SP
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA
A companhia sueca Buissonnière faz duas apresentações de
"Orlando", hoje e amanhã, no
teatro Sesc Anchieta. No final de
semana, o espetáculo participou
do Festival Internacional de Londrina, Filo (leia texto ao lado).
O que é o sexo? O que é o tempo? Disposto a embaralhar ambiguidades, o coreógrafo e bailarino
espanhol Cisco Aznar provoca
uma grande profusão de movimentos e imagens em sua leitura
cênica e imagética da criação da
escritora inglesa Virginia Woolf
(1882-1941).
Dança, teatro, cinema e música,
"Orlando" superpõe linguagens
em nome de um fluxo de consciência que Aznar, 29, identifica
no próprio romance de Virginia
Woolf, lançado em 1928.
Ao longo de quatro séculos,
narra-se a história de um cavalheiro que, aos 30 anos, vê-se
transformado em uma mulher.
Entre os "segredos da sedução"
da autora, Aznar aponta a escrita
irracional e o humor no ato criativo ("Não há nada que me dê mais
prazer do que escrever a palavra
fim", revelou ela).
Poesia, sensibilidade e loucura
são o tripé sobre o qual o coreógrafo deseja sustentar o projeto
que sonhava realizar há anos. "Eu
me diverti muito para conceber o
espetáculo, que considero dono
de um tom agridoce em seu ecletismo", diz o diretor.
Lógica pessoal
Teatro dançado, dança teatral.
Aznar dá de ombros para definições. Importa-lhe o jogo da imaginação, a lógica pessoal que o move e mobiliza sua equipe.
Sua formação inclui experiência
em temporada na companhia de
Maurice Béjart, na França. Ingressou na Compagnie Buissonnière,
com sede em Lausanne, na Suíça,
em 1996. Assumiu a direção artística três anos depois.
Para conhecer a obra de Virginia Woolf, diz o coreógrafo, é necessário "escavar túneis", daí a inclinação desabusada para o cinema, a interação dos intérpretes
com a projeção de um filme, que
pode ser visto no fundo do palco e
é realizado em parceria com Luis
Lara e Janine Waeber.
"Plasticidade é sentimento. Não
estou fazendo decoração no palco", defende-se Aznar, que, no espetáculo, contracena com Odile
Foehl, Carlos Fernández, Eva Vilamitjana, Andreas Pfiffner.
Entre gestos expressionistas típicos dos anos 20, imagens em sépia, com personagens que podem
saltar da tela para o palco, o coreógrafo não vê problemas em se
apropriar de clichês para alcançar
a anedota em cena. "Pouco me
importa se sou pop ou pós."
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do Filo
ORLANDO. De: Virginia Woolf.
Concepção e coreografia: Cisco Aznar.
Com: Compagnie Buissonnière.
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova,
245, tel. 0/xx/11/3256-2281).
Quando: hoje e amanhã, às 21h. Quanto: R$ 20.
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