São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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ARTES CÊNICAS

Buissonnière une dança, teatro, cinema, música e projeções no espetáculo baseado em Virginia Woolf

"Orlando" multimídia e "agridoce" chega a SP

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA

A companhia sueca Buissonnière faz duas apresentações de "Orlando", hoje e amanhã, no teatro Sesc Anchieta. No final de semana, o espetáculo participou do Festival Internacional de Londrina, Filo (leia texto ao lado).
O que é o sexo? O que é o tempo? Disposto a embaralhar ambiguidades, o coreógrafo e bailarino espanhol Cisco Aznar provoca uma grande profusão de movimentos e imagens em sua leitura cênica e imagética da criação da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941).
Dança, teatro, cinema e música, "Orlando" superpõe linguagens em nome de um fluxo de consciência que Aznar, 29, identifica no próprio romance de Virginia Woolf, lançado em 1928.
Ao longo de quatro séculos, narra-se a história de um cavalheiro que, aos 30 anos, vê-se transformado em uma mulher.
Entre os "segredos da sedução" da autora, Aznar aponta a escrita irracional e o humor no ato criativo ("Não há nada que me dê mais prazer do que escrever a palavra fim", revelou ela).
Poesia, sensibilidade e loucura são o tripé sobre o qual o coreógrafo deseja sustentar o projeto que sonhava realizar há anos. "Eu me diverti muito para conceber o espetáculo, que considero dono de um tom agridoce em seu ecletismo", diz o diretor.

Lógica pessoal
Teatro dançado, dança teatral. Aznar dá de ombros para definições. Importa-lhe o jogo da imaginação, a lógica pessoal que o move e mobiliza sua equipe.
Sua formação inclui experiência em temporada na companhia de Maurice Béjart, na França. Ingressou na Compagnie Buissonnière, com sede em Lausanne, na Suíça, em 1996. Assumiu a direção artística três anos depois.
Para conhecer a obra de Virginia Woolf, diz o coreógrafo, é necessário "escavar túneis", daí a inclinação desabusada para o cinema, a interação dos intérpretes com a projeção de um filme, que pode ser visto no fundo do palco e é realizado em parceria com Luis Lara e Janine Waeber.
"Plasticidade é sentimento. Não estou fazendo decoração no palco", defende-se Aznar, que, no espetáculo, contracena com Odile Foehl, Carlos Fernández, Eva Vilamitjana, Andreas Pfiffner.
Entre gestos expressionistas típicos dos anos 20, imagens em sépia, com personagens que podem saltar da tela para o palco, o coreógrafo não vê problemas em se apropriar de clichês para alcançar a anedota em cena. "Pouco me importa se sou pop ou pós."


O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do Filo


ORLANDO. De: Virginia Woolf. Concepção e coreografia: Cisco Aznar.
Com: Compagnie Buissonnière.
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3256-2281).
Quando: hoje e amanhã, às 21h. Quanto: R$ 20.



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