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Luciana Souza é destaque com "cartão de visita"
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Quando o primeiro CD de
Luciana Souza foi eleito um
dos dez melhores discos de
jazz do ano por um dos críticos de música do "New York
Times" no ano 2000, a brasileira ficou surpresa, mas
achou que ficaria por aí.
No ano passado, porém,
outro crítico do prestigioso
diário nova-iorquino a escolheu de novo como autora
de um dos dez melhores CDs
do gênero de 2001. Aí, a coisa
mudou de figura. "Se eu falasse que não mudou minha
carreira, estaria mentindo",
disse à Folha a cantora, que
se apresenta na sexta em São
Paulo e no sábado no Rio como parte das atrações do
Chivas Jazz Festival.
Luciana, 35, é filha da letrista Tereza Souza e do
compositor e violonista
Walter Santos. Formou-se
em composição no Berklee
College of Music, em Boston, onde lecionou, e fez
mestrado no New England
Conservatory of Music.
Atualmente, vive em Nova
York com seu marido.
Nos dois shows no Brasil,
em que se faz acompanhar
por um trio, a cantora apresenta repertório de seus três
discos. "Como se fosse um
cartão de visitas, para o público brasileiro se familiarizar com meu trabalho", disse. As obras, todas inéditas
no Brasil, são "An Answer to
Your Silence" (1999), "The
Poems of Elizabeth Bishop
and Other Songs" (2000) e
"Brazilian Duos" (2001).
Espere algumas composições próprias e muita coisa
do que se convencionou
chamar de "o cancioneiro
popular". De seu a cantora
deve evitar o mais conceitual, como as versões musicadas que faz dos poemas da
norte-americana Elizabeth
Bishop (1911-79) e do chileno Pablo Neruda (1904-73).
Dos outros, presença quase certa é o "Baião Medley",
peça divertida em que ela
reúne os clássicos "Respeita
Januário" e "Qui Nem Jiló",
de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e "Romance", de
Djavan. Também devem dar
as caras no show "Saudade
da Bahia" (Caymmi) e "Pra
que Discutir com Madame"
(Janet de Almeida e Haroldo
Barbosa).
Mesmo com toda a bagagem teórica que tem, Luciana Souza não cedeu a uma
tentação comum entre os
músicos que também são
acadêmicos: o divórcio do
público. Suas interpretações
são calorosas, alegres, e sua
voz não tem muitos paralelos entre a gama de cantoras
brasileiras.
Ela conseguiu um outro
feito importante: não ter caído na vala comum da "cantora brasileira morando nos
EUA". O mercado norte-americano pode ser cruel em
sua padronização, como
atestam centenas de escravas brancas do banquinho e
violão, que são obrigadas a
cantar apenas bossa nova.
"Consegui impor meu estilo e meu próprio repertório", orgulha-se. Você pode
conferir o que ela está falando neste fim de semana.
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