São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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Luciana Souza é destaque com "cartão de visita"

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Quando o primeiro CD de Luciana Souza foi eleito um dos dez melhores discos de jazz do ano por um dos críticos de música do "New York Times" no ano 2000, a brasileira ficou surpresa, mas achou que ficaria por aí.
No ano passado, porém, outro crítico do prestigioso diário nova-iorquino a escolheu de novo como autora de um dos dez melhores CDs do gênero de 2001. Aí, a coisa mudou de figura. "Se eu falasse que não mudou minha carreira, estaria mentindo", disse à Folha a cantora, que se apresenta na sexta em São Paulo e no sábado no Rio como parte das atrações do Chivas Jazz Festival.
Luciana, 35, é filha da letrista Tereza Souza e do compositor e violonista Walter Santos. Formou-se em composição no Berklee College of Music, em Boston, onde lecionou, e fez mestrado no New England Conservatory of Music. Atualmente, vive em Nova York com seu marido.
Nos dois shows no Brasil, em que se faz acompanhar por um trio, a cantora apresenta repertório de seus três discos. "Como se fosse um cartão de visitas, para o público brasileiro se familiarizar com meu trabalho", disse. As obras, todas inéditas no Brasil, são "An Answer to Your Silence" (1999), "The Poems of Elizabeth Bishop and Other Songs" (2000) e "Brazilian Duos" (2001).
Espere algumas composições próprias e muita coisa do que se convencionou chamar de "o cancioneiro popular". De seu a cantora deve evitar o mais conceitual, como as versões musicadas que faz dos poemas da norte-americana Elizabeth Bishop (1911-79) e do chileno Pablo Neruda (1904-73).
Dos outros, presença quase certa é o "Baião Medley", peça divertida em que ela reúne os clássicos "Respeita Januário" e "Qui Nem Jiló", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e "Romance", de Djavan. Também devem dar as caras no show "Saudade da Bahia" (Caymmi) e "Pra que Discutir com Madame" (Janet de Almeida e Haroldo Barbosa).
Mesmo com toda a bagagem teórica que tem, Luciana Souza não cedeu a uma tentação comum entre os músicos que também são acadêmicos: o divórcio do público. Suas interpretações são calorosas, alegres, e sua voz não tem muitos paralelos entre a gama de cantoras brasileiras.
Ela conseguiu um outro feito importante: não ter caído na vala comum da "cantora brasileira morando nos EUA". O mercado norte-americano pode ser cruel em sua padronização, como atestam centenas de escravas brancas do banquinho e violão, que são obrigadas a cantar apenas bossa nova.
"Consegui impor meu estilo e meu próprio repertório", orgulha-se. Você pode conferir o que ela está falando neste fim de semana.



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