São Paulo, sexta-feira, 22 de maio de 2009

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Blue Man ganha novo comando

O engenheiro Daniel Abulafia assume a grife após a morte de David Azulay

A Blue Man já tem um novo comandante. Desde o final do último mês, o engenheiro de produção e especialista em finanças corporativas Daniel Abulafia, 36, assumiu formalmente a direção da influente grife de moda praia, cujo dono, o estilista David Azulay, foi encontrado morto em 11 de fevereiro em sua casa de campo em Visconde de Mauá (RJ).
David morreu aos 56 anos, de causa não divulgada pela família, e deixou como herdeira a sua filha única, Sharon, de 17 anos. Como o estilista não traçara um plano de sucessão na empresa, no caso de sua ausência, havia uma forte expectativa no meio da moda a respeito do futuro da grife.
"Passamos 60 dias realmente muito difíceis, mas isso ocorreu devido a complicações de ordem legal e jurídica", conta Daniel, que é filho de uma prima de David, trabalhou na Blue Man nos anos 90 e voltou à empresa no final do ano passado.
A primeira complicação foi, de fato, saber quem iria dirigir a grife, já que Sharon era menor de idade e inexperiente no ramo da moda. A solução para o impasse saiu após uma reunião entre as famílias Azulay e Abulafia, com a participação da herdeira. Os dois clãs, além de parentes, haviam sido sócios no passado, na extinta grife Yes Brazil -criada pelo pai de Daniel, Julio Abulafia, e pelo único irmão de David, Simão, que morreu em 1988.
Na reunião, o nome de Daniel surgiu como a melhor opção para o comando da Blue Man, já que ele era, entre os familiares, a pessoa que melhor conhecia a empresa.
Uma procuração passada por Sharon o designou como novo gestor e administrador. Daniel também será responsável, junto com seu pai, por orientar Sharon no que diz respeito ao seu patrimônio pessoal.
"Na minha cabeça, foi uma decisão lógica a escolha de Daniel para dirigir a Blue Man. Ele fez uma excelente administração no passado e tinha voltado havia pouco tempo à empresa", diz a estilista Marta Reis, que trabalhou 12 anos ao lado de David na concepção das coleções e agora assumiu integralmente a direção criativa.
Ainda pouco conhecido no meio da moda, Daniel foi responsável por mudanças na Blue Man entre 1996 e 2000 que permitiram à empresa se expandir nos anos seguintes -passando de 12 lojas próprias (em 2000) para 25 (em 2008). Em dezembro, David o chamou de volta à grife, a fim de incrementar os negócios.
Daniel não revela o faturamento da marca em 2008, mas garante que foi acima das expectativas. "Mesmo com a crise, planejamos crescer entre 10% e 15% neste ano e ampliar a exportação", diz.
Segundo ele, nada será mudado no funcionamento da Blue Man, que tem 300 funcionários. "A empresa vai muito bem em termos financeiros e as suas metas para os próximos anos foram definidas antes da morte de David", garante.
David Azulay era famoso no mundo fashion pelo seu temperamento espontâneo e irreverente. Mas a maneira como dirigia a Blue Man era o contrário de seu espírito tempestuoso. "David era um chefe de orquestra no trabalho, criou uma equipe muito coesa e fiel à grife", conta Marta.
"A equipe é muito antiga e organizada, com pessoas que trabalham aqui há 20 anos. Depois da morte de David, todo mundo sabia exatamente o que deveria fazer. Foi isso que também garantiu o funcionamento normal da empresa", diz Daniel.
Segundo ele, a coleção para o verão vem sendo produzida a pleno vapor. Marta conta que tanto o tema (inspirado em safári) quanto as cores chegaram a ser discutidos por ela e David, poucos dias antes da morte do estilista. Por motivo de luto, a Blue Man decidiu não desfilar na São Paulo Fashion Week em junho, mas planeja voltar às passarelas na próxima temporada de verão.


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