São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dirigido por John Woo, o astro chega aos cinemas com gestos e lutas à Bruce Lee
Meu nome é Cruise, Tom Cruise

Divulgação
O agente Ethan Hunt (Cruise) escapa por um triz da morte enquanto tenta salvar o mundo da ameaça de um vírus fatal em "Missão Impossível 2", dirigido por John Woo, estréia de hoje nos cinemas



"Vi o corpo dele pendurado a 700 metros de altura, fechei os olhos e rezei", diz cineasta


MILLY LACOMBE
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

O grande herói do ano 2000 não está nem aí para o serviço de Sua Majestade, aceita missões a seu bel-prazer, convoca uns amigos -e a namorada- para ajudá-lo e parece mesmo é curtir o prazer do desafio. Ele atende pelo nome de... Ethan Hunt? Sim, mais conhecido como Tom Cruise.
Hunt, o personagem de Cruise em "Missão Impossível 2", ganhou novos contornos, "mais sentimentais", com a direção de John Woo ("A Outra Face"), devidamente aprovados pelos US$ 70 milhões arrecadados no primeiro fim-de-semana de exibição nos cinemas americanos. E a dupla Cruise-Woo parece ter criado o James Bond do século 21.
"Recebi um telefonema de Tom há dois anos e meio. Ele me pedia para ir encontrá-lo em Londres, onde estava filmando "De Olhos Bem Fechados". Não sabia do que se tratava", disse Woo à Folha, em Los Angeles.
Tratava-se de "Missão Impossível 2", e Cruise queria um novo filme, sem qualquer relação com o primeiro (dirigido por Brian De Palma em 1996) ou o seriado de TV que lhe deu origem.
O mesmo aconteceu com Woo. "Disse que aceitava desde que não fosse uma continuação e que pudesse fazer um romance, uma história mais emotiva, colocar meu estilo." Cruise, também produtor do filme, mandou que o roteiro fosse todo reescrito para Woo.
"Cenas de ação devem lembrar uma dança. Eu não sei lutar, muito menos dançar, mas, quando desenho a ação, vejo um balé." Por isso, a câmera lenta e a música clássica nas passagens mais dramáticas. "Quando faço o "storyboard", já sei exatamente quando vou usar câmera lenta."
Além disso, há o sentimento. Woo precisa ver a expressão do ator, dor, lágrimas e amor mesmo nos momentos mais brutais. "O rosto de Tom Cruise é uma exuberância de belos traços e fortes expressões. Foi um prato cheio."
Mas há, também, os efeitos especiais. "Não gosto de filmar com fundo azul. A história é contada por meio do rosto do protagonista e, para isso, não preciso de computador", disse Woo.
Por isso, o agente Hunt de "Missão Impossível 2" é mais sensível, mais humano. "O que me assustou no primeiro foi Hunt não ter dado um único sorriso durante todo o filme", analisou.
O novo Hunt tem uma namorada (Thandie Newton) e muitos revólveres. "Fiquei boquiaberto quando Tom disse que nunca havia segurado uma arma em seus filmes anteriores. Aproveitei e deixei ele segurar logo duas de uma vez", brincou Woo.
O filme não economiza balas, mas Woo faz questão de ressaltar a ausência de sangue: "Não tem sangue, você reparou? Porque fiquei muito chocado com o massacre naquela escola americana (referindo-se à chacina na Columbine High School, no Colorado em 1999) e achei que era hora de diminuir a intensidade".
Não tem sangue, mas tem muita ação. E Cruise fez 95% das cenas perigosas sem a ajuda de um dublê, segundo o diretor. "Sempre desenho as cenas de ação. Só que o faço pensando em dublês. Tom me deixou doente." Mas quem se machucou mesmo foi o ator Dougray Scott, que interpreta o vilão Sean. Ele fraturou as costas numa das cenas de duelo de motos.
Quando Woo percebeu que Cruise ia se arriscar, desenhou novas lutas. "Incluí movimentos de Bruce Lee porque Tom e eu somos apaixonados por ele." Agora, Woo diz estar pronto para fazer "Missão Impossível 3", "se Tom quiser, claro", completa.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Diversão com canastrice
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.