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MEMÓRIA
Escritor, autor de "Hilda Furacão", sofreu infarto anteontem à noite, em Belo Horizonte; enterro estava marcado para ontem
Roberto Drummond, 68, morre em Minas
DA AGÊNCIA FOLHA
Morreu ontem em Belo Horizonte, aos 68 anos, o jornalista e
escritor mineiro Roberto Drummond. Ele sentiu fortes dores no
peito na noite de anteontem e foi
encaminhado para o hospital Biocor Instituto. Por volta da 0h de
ontem, teve uma parada cardíaca.
Drummond começou a sentir
mal-estar na quarta-feira, mas só
procurou seu médico na quinta-feira à noite. Em um eletrocardiograma, descobriu-se que ele estava em processo de infarto e precisaria se submeter a uma angioplastia (procedimento para desobstrução arterial). Ele morreu
antes de ser realizado o procedimento médico.
Nascido em Ferros, no Vale do
Rio Doce, em 21 de dezembro de
1933, Roberto Drummond foi
morar ainda adolescente na capital. Trabalhando por mais de 30
anos no jornal "Estado de Minas",
o jornalista assinava uma coluna
diária no caderno de esportes.
Na década de 50, atuou no movimento estudantil. Dali partiu
para o jornalismo. Seu primeiro
trabalho foi no jornal "Folha de
Minas". Drummond também trabalhou na revista "Alterosa" e no
jornal "Hoje em Dia".
Em sua última coluna, Drummond escreveu sobre o jogo entre
Brasil e Inglaterra e seu desejo
profundo de um vitória brasileira,
que, para ele, abriria de vez o caminho para o pentacampeonato
mundial.
Escreveu ele: "Poucas vezes desejei que o Brasil vencesse como
agora. É verdade, a gente sempre
quer que o Brasil vença. É uma
vontade, um sonho, que está no
coração de mais de 170 milhões de
brasileiros. E não é para menos.
Nosso país tem uma porção de esperanças, mas a vitória no futebol
alegra o coração brasileiro, faz subir a nossa auto-estima tão castigada, tão arranhada".
Autor do livro "Hilda Furacão",
que virou minissérie de sucesso
na televisão, Drummond estreou
na literatura em 1975, com "A
Morte de D.J. em Paris", obra
aclamada pela crítica.
São também de sua autoria "O
Dia em que Ernest Hemingway
Morreu Crucificado", "Sangue de
Coca-Cola", "Quando Fui Morto
em Cuba", "Hitler Manda Lembranças", "Ontem à Noite era
Sexta-feira", "A Inês é Morta", "O
Homem que Subornou a Morte"
e "Cheiro de Deus", seu último livro, lançado em 2000.
"Vai ser uma perda muito sentida não só pelos jornalistas mas,
com certeza, por todos os leitores,
por toda a cidade. Drummond
era um exemplo de profissional
ético e digno e de escrita incomparável", declarou o presidente
do Sindicato dos Jornalistas de
Minas Gerais, Aloísio Lopes.
O enterro de Drummond, torcedor fiel do Atlético Mineiro, estava marcado para as 17h de ontem no cemitério do Bonfins,
mesmo lugar onde o corpo estava
sendo velado.
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