São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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MEMÓRIA

Escritor, autor de "Hilda Furacão", sofreu infarto anteontem à noite, em Belo Horizonte; enterro estava marcado para ontem

Roberto Drummond, 68, morre em Minas

DA AGÊNCIA FOLHA

Morreu ontem em Belo Horizonte, aos 68 anos, o jornalista e escritor mineiro Roberto Drummond. Ele sentiu fortes dores no peito na noite de anteontem e foi encaminhado para o hospital Biocor Instituto. Por volta da 0h de ontem, teve uma parada cardíaca.
Drummond começou a sentir mal-estar na quarta-feira, mas só procurou seu médico na quinta-feira à noite. Em um eletrocardiograma, descobriu-se que ele estava em processo de infarto e precisaria se submeter a uma angioplastia (procedimento para desobstrução arterial). Ele morreu antes de ser realizado o procedimento médico.
Nascido em Ferros, no Vale do Rio Doce, em 21 de dezembro de 1933, Roberto Drummond foi morar ainda adolescente na capital. Trabalhando por mais de 30 anos no jornal "Estado de Minas", o jornalista assinava uma coluna diária no caderno de esportes.
Na década de 50, atuou no movimento estudantil. Dali partiu para o jornalismo. Seu primeiro trabalho foi no jornal "Folha de Minas". Drummond também trabalhou na revista "Alterosa" e no jornal "Hoje em Dia".
Em sua última coluna, Drummond escreveu sobre o jogo entre Brasil e Inglaterra e seu desejo profundo de um vitória brasileira, que, para ele, abriria de vez o caminho para o pentacampeonato mundial.
Escreveu ele: "Poucas vezes desejei que o Brasil vencesse como agora. É verdade, a gente sempre quer que o Brasil vença. É uma vontade, um sonho, que está no coração de mais de 170 milhões de brasileiros. E não é para menos. Nosso país tem uma porção de esperanças, mas a vitória no futebol alegra o coração brasileiro, faz subir a nossa auto-estima tão castigada, tão arranhada".
Autor do livro "Hilda Furacão", que virou minissérie de sucesso na televisão, Drummond estreou na literatura em 1975, com "A Morte de D.J. em Paris", obra aclamada pela crítica.
São também de sua autoria "O Dia em que Ernest Hemingway Morreu Crucificado", "Sangue de Coca-Cola", "Quando Fui Morto em Cuba", "Hitler Manda Lembranças", "Ontem à Noite era Sexta-feira", "A Inês é Morta", "O Homem que Subornou a Morte" e "Cheiro de Deus", seu último livro, lançado em 2000.
"Vai ser uma perda muito sentida não só pelos jornalistas mas, com certeza, por todos os leitores, por toda a cidade. Drummond era um exemplo de profissional ético e digno e de escrita incomparável", declarou o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Aloísio Lopes.
O enterro de Drummond, torcedor fiel do Atlético Mineiro, estava marcado para as 17h de ontem no cemitério do Bonfins, mesmo lugar onde o corpo estava sendo velado.



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