São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LITERATURA

Autora mapeia a Cidade Maravilhosa no imaginário americano

Livro vê Rio criado por Hollywood

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

No longa-metragem "Orquídea Selvagem" (1990), de Zalman King, o personagem de Mickey Rourke cruza, de carro, um túnel no Rio de Janeiro e, como num passe de mágica, vai parar no Pelourinho, em Salvador.
O truque de King é uma das curiosas visões da Cidade Maravilhosa pinçadas do imaginário fílmico americano pela escritora Bianca Freire-Medeiros em seu livro "O Rio de Janeiro que Hollywood Inventou", que será lançado hoje à noite na Livraria da Travessa, em Ipanema (RJ).
O livro se debruça sobre oito filmes americanos em que o Rio é visto ora como metrópole sofisticada da América Latina, como no musical "Voando para o Rio" ("Flying Down to Rio", 1933), com Fred Astaire e Ginger Rogers, ora como paraíso da permissividade, caso de "Orquídea Selvagem" e "Boca" (1995).
Segundo Freire-Medeiros, um dos critérios para a seleção dos filmes era que o Rio fosse personagem determinante na trama, daí a exclusão de "Interlúdio", de Albert Hitchcock, em que ela não vê a cidade como indispensável ao enredo. Outro, que os títulos fossem hollywoodianos, daí a ausência de "007 contra o Foguete da Morte", uma produção inglesa.
Em sua pesquisa, Freire-Medeiros identifica os estereótipos das mulheres extremamente sedutoras de "Voando para o Rio", "Uma Noite no Rio" (1941), com Carmen Miranda, e "Reis do Rio" (1947), com Bob Hope e Dorothy Lamour, associados a um certo "conteúdo europeu" da cidade.
"Em "Meu Amor Brasileiro" [1953], Ricardo Montalban aparece como um homem bruto, mas polido, que joga pólo. E, numa seqüência, Lana Turner sugere que engarrafem o ar carioca para estimular a libido nos Estados Unidos", conta Freire-Medeiros.
A autora aponta ainda um vazio no período da ditadura, a retomada do Rio como locação, em "Aconteceu no Rio" (1984), com Michael Caine, e ainda inscrito na tradição dos musicais, até os filmes dos anos 90, como "Kickboxer", onde bruxaria, sexo e violência preenchem o cenário.


O Rio de Janeiro que Hollywood Inventou
Autora:
Bianca Freire-Medeiros
Editora: Jorge Zahar
Quanto: R$ 19,90 (74 págs.; lançamento hoje, às 19h30, na Livraria da Travessa - r. Visconde de Pirajá, 572, tel. 0/xx/21/ 3205-9002)


Texto Anterior: Cinema: Longa brasileiro tropicaliza Cleópatra
Próximo Texto: Música: Joyce traz sua "banda maluca" a São Paulo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.