São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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O amor nos tempos do electro

Vive la Fête, que toca em SP, e Goldfrapp, que lança CD, cantam para o coração

Casal belga que causou alvoroço em desfiles de Paris apresenta seu som eletrônico na The Week em show amanhã

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

No momento em que Els Pynoo viu Danny Mommens entrar na festa de aniversário de sua irmã, há nove anos, ela ouviu os sinos tocarem. E o fruto desse amor à primeira vista se apresenta amanhã, em São Paulo. A dupla belga Vive la Fête vai mostrar aos paulistanos o show que não veio para a cidade em 2004, quando a banda fez duas apresentações no festival Abril pro Rock, no Recife (PE). Na Bélgica, os dois vivem em uma fazenda com um cavalo, um pônei, um burro, cachorros, gatos, cisnes, coelhos, galinhas, pássaros... um cenário bucólico onde o guitarrista (que também é baixista da banda de art-rock dEUS) e a vocalista se inspiram para compor o electro que causou alvoroço no início desta década, quando o Vive la Fête esteve na trilha de desfiles de diversas grifes francesas. O ponto alto da temporada de Paris da dupla foi tocar ao vivo na passarela da maison Chanel, a pedido de um grande fã, o estilista Karl Lagerfeld. Enquanto no palco do prêt-à-porter estavam apenas os dois, aqui eles vêm acompanhados. "Somos cinco pessoas: eu, Danny, um tecladista, um baterista e um baixista. É diferente dos CDs. Ao vivo, tudo é tocado; não usamos computadores. Somos pessoas de carne e osso. O electro é tocado geralmente com computadores. Isso é muito frio. Eu sou quente. Tenho muita energia no palco; a energia de Tina Turner", brinca Pynoo, em entrevista à Folha.

Filho
Inspirados na sensualidade do casal Serge Gainsbourg e Jane Birkin e no tecnopop dos anos 80 (o qual a Bélgica ajudou a construir com a sua tradição na EBM (electronic body music), o Vive la Fête é o bebê que o casal não teve. "Não tenho tempo para ter filhos. Nunca tive essa vontade. Algumas vezes, até tenho, numa noite em que estou mais emotiva. Temos muitos animais." Pynoo sabe do risco que é dividir a vida, o estúdio e o palco com o marido. "Eu me sinto muito mais forte quando estou com ele, mas é um risco que resolvemos correr. No início, não pensávamos nas discussões que aconteceriam. Quando fazemos músicas, algumas vezes eu quero fazer algo diferente, e discutimos. Nunca sabemos quem está certo. Eu digo: "Tá bom!", e fica por isso mesmo. O Vive la Fête é a nossa vida. Trabalhamos, cuidamos disso juntos; o que for melhor para nós está certo para mim", explica. A música do Vive la Fête é sobre o amor, sobre se divertir. E o idioma que melhor representa isso é o francês, na opinião de Pynoo. "É uma língua muito erótica. Adoro falar em inglês, mas, quando eu canto em inglês, fica muito pop, e eu não quero ser a Britney Spears ou algo do gênero. Acho mais autêntico quando canto em francês. É muito romântico." No mundo pop de hoje, onde reclamar é a ordem, Pynoo segue na contramão. "Eu preciso de humor, de temas otimistas, porque eu sou uma garota muito sensível. Se eu escrevesse sobre coisas tristes, eu choraria o dia inteiro. Não é a minha."


SHOW VIVE LA FÊTE
Quando: amanhã, a partir das 22h
Onde: The Week (r. Guaicurus, 324, Lapa, SP, tel. 0/xx/11/3818-3030)
Quanto: R$ 50 (até amanhã, nas lojas Chili Beans); e R$ 70 (na porta)



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