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O amor nos tempos do electro
Vive la Fête, que toca em SP, e Goldfrapp, que lança CD, cantam para o coração
Casal
belga que
causou alvoroço em
desfiles de Paris apresenta seu som eletrônico na The Week
em show amanhã
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
No momento em que Els
Pynoo viu Danny Mommens
entrar na festa de aniversário
de sua irmã, há nove anos, ela
ouviu os sinos tocarem. E o fruto desse amor à primeira vista
se apresenta amanhã, em São
Paulo. A dupla belga Vive la Fête vai mostrar aos paulistanos o
show que não veio para a cidade
em 2004, quando a banda fez
duas apresentações no festival
Abril pro Rock, no Recife (PE).
Na Bélgica, os dois vivem em
uma fazenda com um cavalo,
um pônei, um burro, cachorros,
gatos, cisnes, coelhos, galinhas,
pássaros... um cenário bucólico
onde o guitarrista (que também é baixista da banda de art-rock dEUS) e a vocalista se inspiram para compor o electro
que causou alvoroço no início
desta década, quando o Vive la
Fête esteve na trilha de desfiles
de diversas grifes francesas.
O ponto alto da temporada
de Paris da dupla foi tocar ao vivo na passarela da maison Chanel, a pedido de um grande fã, o
estilista Karl Lagerfeld. Enquanto no palco do prêt-à-porter estavam apenas os dois,
aqui eles vêm acompanhados.
"Somos cinco pessoas: eu,
Danny, um tecladista, um baterista e um baixista. É diferente
dos CDs. Ao vivo, tudo é tocado;
não usamos computadores. Somos pessoas de carne e osso. O
electro é tocado geralmente
com computadores. Isso é muito frio. Eu sou quente. Tenho
muita energia no palco; a energia de Tina Turner", brinca
Pynoo, em entrevista à Folha.
Filho
Inspirados na sensualidade
do casal Serge Gainsbourg e Jane Birkin e no tecnopop dos
anos 80 (o qual a Bélgica ajudou
a construir com a sua tradição
na EBM (electronic body music), o Vive la Fête é o bebê que
o casal não teve. "Não tenho
tempo para ter filhos. Nunca tive essa vontade. Algumas vezes, até tenho, numa noite em
que estou mais emotiva. Temos
muitos animais."
Pynoo sabe do risco que é dividir a vida, o estúdio e o palco
com o marido. "Eu me sinto
muito mais forte quando estou
com ele, mas é um risco que resolvemos correr. No início, não
pensávamos nas discussões
que aconteceriam. Quando fazemos músicas, algumas vezes
eu quero fazer algo diferente, e
discutimos. Nunca sabemos
quem está certo. Eu digo: "Tá
bom!", e fica por isso mesmo. O
Vive la Fête é a nossa vida. Trabalhamos, cuidamos disso juntos; o que for melhor para nós
está certo para mim", explica.
A música do Vive la Fête é sobre o amor, sobre se divertir. E
o idioma que melhor representa isso é o francês, na opinião de
Pynoo. "É uma língua muito
erótica. Adoro falar em inglês,
mas, quando eu canto em inglês, fica muito pop, e eu não
quero ser a Britney Spears ou
algo do gênero. Acho mais autêntico quando canto em francês. É muito romântico."
No mundo pop de hoje, onde
reclamar é a ordem, Pynoo segue na contramão. "Eu preciso
de humor, de temas otimistas,
porque eu sou uma garota muito sensível. Se eu escrevesse sobre coisas tristes, eu choraria o
dia inteiro. Não é a minha."
SHOW VIVE LA FÊTE
Quando: amanhã, a partir das 22h
Onde: The Week (r. Guaicurus, 324,
Lapa, SP, tel. 0/xx/11/3818-3030)
Quanto: R$ 50 (até amanhã, nas lojas Chili Beans); e R$ 70 (na porta)
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