São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Carnegie Hall lotado recebe João Gilberto

Com ingressos esgotados, cantor se apresenta na famosa casa de Nova York, marcando os 50 anos da bossa nova

Concerto integra o JVC Jazz Festival, cujo diretor, George Wein, classifica shows do brasileiro como "experiência religiosa"


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

João Gilberto se apresenta na noite de hoje na casa de espetáculos mais prestigiosa de Nova York, o Carnegie Hall, no centro de Manhattan. Músico, banquinho e violão ocupam o palco Perelman do auditório Stern a partir das 20h locais (21h de Brasília) e por quanto tempo o brasileiro desejar.
Sua primeira apresentação na casa data de 21 de novembro de 1962, quando o inventor da bossa nova dedilhava um Romeu nº 3. Desde então, o músico de 77 anos (completados no último dia 10) se apresentou no Carnegie Hall pelo menos em 1998, 2000, 2002 e 2004.
O show faz parte do JVC Jazz Festival, o mais importante do gênero, e não há mais ingressos à venda. Até a conclusão da edição, não havia informações sobre o repertório.
A apresentação também integra uma etapa da série de homenagens previstas para os 50 anos da bossa nova -é consenso que os marcos iniciais do movimento musical foram um LP de 1958, "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso (1920-1990), em que o violão de João Gilberto aparece em duas músicas, e o 78 rotações gravado em 10 de julho do mesmo ano com "Chega de Saudade" de um lado e "Bim Bom" do outro, cantadas e tocadas pelo próprio João.
Em agosto e setembro, ele se apresenta em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Salvador.
Nos EUA, um dos primeiros a acreditar no amor, no sorriso e na flor foi o produtor musical George Wein, de 82 anos.
Ao diretor geral do JVC é atribuída a invenção do conceito de "festival de jazz", com o Newport Jazz Festival, realizado pela primeira vez naquela cidade do Estado de Rhode Island, em 1954. A Folha tirou algumas dúvidas com ele, por telefone.

 

FOLHA - Cinqüenta anos depois, a bossa nova ainda é relevante?
GEORGE WEIN
- Boa música sempre é relevante. Bossa nova é boa música. Logo, bossa nova é relevante. Além disso, o show de João foi o que teve os ingressos mais rapidamente esgotados de todas as atrações do festival. Como sempre.

FOLHA - João Gilberto ainda é relevante?
WEIN
- Ele é o pai do gênero, e as pessoas respeitam os pioneiros. Ele faz do Carnegie uma catedral. Durante seu show, você pode ouvir uma agulha cair no chão. É uma experiência religiosa. Só vi isso acontecer outras vezes em concertos de música clássica. Mesmo assim, não sempre, não em todos.

FOLHA - Bossa nova é jazz?
WEIN
- Há uma relação, obviamente.

FOLHA - João Gilberto é jazz?
WEIN
- Quando João Gilberto toca violão e canta, João Gilberto é João Gilberto.

FOLHA - O que o sr. acha da chamada "new bossa", da qual Bebel Gilberto, filha de João, é uma das expoentes?
WEIN
- Para mim, não é o artigo legítimo.

FOLHA - Em 2004, durante o JVC no Carnegie Hall, João Gilberto deixou o palco, reclamando de problemas técnicos, e depois voltou. Pode acontecer de novo?
WEIN
- Honestamente? Sim.


Texto Anterior: Foco: Para modelo da São Paulo Fashion Week, "não existe mulher feia"
Próximo Texto: Músico deve fazer 4 shows no Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.