São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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25ª SÃO PAULO FASHION WEEK

Estilistas se agarram com os astros e os santos

Arsenal místico ajuda antes e depois do desfile

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Velas acesas no camarim, orações, santos de devoção, cabala e mapa astral. Esse arsenal místico é usado por estilistas que, além de se preocuparem com o casting de modelos e a modelagem das roupas, tentam se prevenir contra a uruca, o vodu ou apenas reunir energia positiva para os seus desfiles.
Há quem cheque com os astros o melhor horário para desfilar. Caso de Pedro Lourenço, filho dos também espiritualizados Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço. "Chequei astrologicamente se o horário do meu show era bom e vi que estava tudo certo", diz Pedro, que também estuda cabala. "Meus pais me passaram espiritualidade. Mas a fé é minha. Se não tivesse a ver comigo, não faria isso." Pedro gosta tanto de astrologia, que fez o mapa de Coco Chanel. Descobriu que 1910 foi um ano bom para ela.
A questão do horário é importante para muitos estilistas. Fause Haten prefere desfilar perto do meio-dia, por causa do sol. André Lima não abre mão do sábado à noite. "Acho que é um dia bom, as pessoas estão animadas, têm uma boa energia", diz. Os organizadores já sabem da predileção de André, que nem precisa implorar pela data. Nessa edição, o último desfile do sábado seria dele.
André já chegou a extremos. "Já mandei defumar o camarim, trouxe imagem de santo e de um índio que eu tenho em casa e deixei no camarim. Agora só faço meus rituais em casa no dia dos desfiles." Em dia de show, ele faz uma oração quando acorda e, depois, reúne alguns amigos. "Os desfiles são importantes para a gente porque encerram um ciclo", diz.
O estilista J. Pig, da equipe da Cavalera, aprendeu com André. "Sempre deixo uma vela acesa no camarim. Se você não acredita, pode ir lá", convida.
Há quem invente a própria crença, como Marcelo Sommer, da grife Do Estilista. "Faço eu mesmo uma numerologia. Pego o dia do mês, o ano, a hora, somo tudo e vou dividindo por dois para ver se dá um número de que eu goste", diz. O estilista é devoto de Santo Expedito e, além de ter tatuado o santo nas costas, não sai de casa sem uma imagem no bolso. "Olha aqui", e mostra um santinho prateado.
Tufi Duek, judeu praticante, conta que reza "para ter saúde e poder trabalhar". E, após os desfiles, vai à sinagoga agradecer por ter acabado o trabalho.
Até familiares se envolvem. "Sempre que desfilo minha mãe acende vela. Nem preciso pedir, mãe sabe onde tem uruca pesada", diz J. Pig, usando aquela que é uma das palavras mais usadas (e temidas) na espiritualidade fashion.


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