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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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Cia. Livre encena o cotidiano vazio de Fransz Xaver Kroetz

DO ENVIADO A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Pouco conhecido nos palcos do país, com raras exceções como a montagem da peça "Depois do Expediente", protagonizada por Ileana Kwasinski e dirigida por Francisco Medeiros nos anos 80, o alemão Fransz Xaver Kroetz (1946) é eleito dramaturgo da vez da Cia. Livre, surgida há cerca de cinco anos em São Paulo e defensora de espetáculos premiados como "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams, e "Toda Nudez Será Castigada", de Nelson Rodrigues.
Trata-se de uma trilogia com textos de Kroetz. Inclui o mesmo "Depois do Expediente", com direção de Cibele Forjaz, além de "Cidade Alta", por Raquel Tamaio, e "O Ninho", por Isabel Teixeira.
Rio Preto vê a estréia nacional dos dois últimos espetáculos, respectivamente ontem e hoje, num galpão do lugar-Nenhum.
Teixeira e Tamaio destacam na dramaturgia de Kroetz a abordagem "delicada e dura" do cotidiano e a impossibilidade da comunicação entre as pessoas. Escritas nos anos 70, as histórias se passam entre quatro paredes.
Em "Cidade Alta", José (Eucir de Souza) e Anni (Tatiana Thomé) são um casal de trabalhadores que vivem o dilema do aborto.
Espécie de continuação, "O Ninho" traz a história do motorista João (Souza) e da costureira Marta (Tamaio). Ele é envolvido em crime ecológico, despeja tóxico num lago. Tempos depois, a mulher e o filho tomam banho no mesmo lago e são contaminados. O bebê corre risco de morte. João denuncia seu patrão, mas a consciência ainda o faz questionar se está agindo certo ou errado.
"É uma sinfonia do cotidiano não-teatralizado", diz Isabel Teixeira, 29, grávida de sete meses e meio. "As pausas em Kroetz não são dramáticas, como em [Anton] Tchecov, são mais secas, refletem o vazio das relações", afirma Raquel Tamaio, 28.
"Cidade Alta" e "O Ninho" foram traduzidas por Christiane Röhrig, enquanto "Depois do Expediente", sobre uma mulher exilada em sua casa, por Francisco Medeiros. Esta tem previsão de estréia para 2004, quando a trilogia deve entrar em cartaz. (VS)


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