São Paulo, quarta, 22 de julho de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Surrealismo e dadaísmo viram artes e cinema de ponta-cabeça
CELSO FIORAVANTE da Reportagem Local Foi assim, nas primeiras décadas deste século, que tudo mudou. O dadaísmo deu o pontapé inicial -e logo foi acompanhado pelo surrealismo- para a criação de uma nova forma de produzir, mas, principalmente, ver arte. Foi Duchamp quem teve a grande idéia. Em 1916, prendeu uma roda de bicicleta em uma banqueta e criou o ready-made "Roda de Bicicleta". O mundo das artes nunca mais seria o mesmo. O objetivo do dadaísmo era questionar os valores da arte a partir da valorização dos objetos e procedimentos do cotidiano. O olhar não deveria ser contemplativo, mas questionador. A arte não seria mais elitista, mas cotidiana. Segundo Duchamp, era o olhar do espectador que deveria transformar o objeto em arte. Mas enquanto o dadaísmo propunha uma nova relação do homem com o meio, o surrealismo queria uma nova relação do homem com seu inconsciente, de onde retiraria imagens puras, sem interferências sociais. A influência dos dois movimentos pode ser facilmente notada em uma série de eventos na cidade. A Bienal de São Paulo, por exemplo, lhes dedica uma sala no núcleo histórico, curada por Dawn Ades e Didier Ottinger. "Teremos trabalhos de André Masson, Francis Picabia, Marcel Duchamp, Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí. Teremos ainda uma seleção maravilhosa de fotografias de Man Ray e Jacques André Boiffard, entre outros", disse a curadora Dawn Ades. Nenhum outro movimento artístico terá sala especial no evento. A Bienal, que acontece entre 4 de outubro e 13 de dezembro, contará ainda com salas dedicadas ao belga René Magritte e ao chileno Roberto Matta. Além da Bienal, pelo menos quatro artistas contemporâneos que se utilizam de preceitos dadaístas e surrealistas estão com mostras em cartaz (leia quadro ao lado). O Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 011/251-5644) abriga até 9 de agosto a mostra "Dalí Monumental", que reúne 476 fotografias, objetos, colagens, gravuras e -poucas- pinturas daquele que, com muito marketing, se tornou sinônimo de surrealismo: Salvador Dalí. A mostra recebeu, até domingo último, 84.007 visitantes. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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