São Paulo, quarta, 22 de julho de 1998

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SURREALISMO E DADAÍSMO CINEMA E VÍDEO
Cineastas e artistas abrem o olho do espectador

da Reportagem Local

O Museu da Imagem e do Som inicia hoje um ciclo de filmes dadaístas e surrealistas realizados por cineastas, artistas plásticos e poetas protagonistas ou agregados a esses dois movimentos, basilares para a arte contemporânea.
O ciclo marca o lançamento em vídeo de uma caixa com cinco fitas ("Um Cão Andaluz" e "L'Âge D'Or", ambos de Buñuel, "O Sangue de um Poeta", de Cocteau, e duas coletâneas de curtas).
A programação do ciclo começa hoje com a coletânea 2, que traz cinco curtas: três de Man Ray, um de Marcel Duchamp e outro de Fernand Léger -curiosamente, todos artistas plásticos.
Léger (1881-1955) é um cubista híbrido, meio fovista, ao olhar para as massas cromáticas de Cézanne, e meio futurista, em seu interesse pela civilização industrial.
Duchamp (1887-1968) é a mais importante figura do dadaísmo, responsável pela criação de um dos mais importantes conceitos das artes plásticas neste século: o "ready-made" (obra criada com objetos do cotidiano, mas que ganham novo significado a partir do contato com o conceito artístico).
Man Ray (1890-1977) circulou pelos dois movimentos. Fotógrafo, pintor e cineasta, fundou com Duchamp e Picabia o movimento Dadá em Nova York. Em 1921, foi para Paris, onde participou do dadaísmo europeu e do surrealismo.
Foi pioneiro em várias técnicas fotográficas nos anos 30 (raiografia, fotos produzidas sem câmera, colocando-se o objeto sobre o papel e expondo-o à luz, e solarização, inversão dos tons de uma imagem fotográfica).
Nos cinco curtas que serão apresentados hoje, o que predomina é a busca de um discurso autônomo da imagem, sua total independência de métodos acadêmicos e realistas de percepção.
Em "Le Retour à la Raison", por exemplo, Man Ray produz imagens a partir de luzes, grafismos e interferências na película. Em "Ballet Mécanique", Léger cria colagens de imagens com espelhos e movimentos irreais.
Todos esses artistas estavam interessados nas possibilidades da criação de novas imagens, desvinculadas de discursos racionais.
A exibição dos curtas hoje vai contar com uma trilha sonora composta pelo músico Paulo Beto e executada ao vivo, com uma base eletrônica, percussão com garrafas, martelo e guitarra.
(CELSO FIORAVANTE)
Mostra: O Surrealismo e o Dadaísmo no Cinema (programação no quadro ao lado) Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 011/282-8074) Quando: de hoje a domingo Quanto: entrada franca Lançamento em vídeo: Continental (011/283-5255)
Quanto: R$ 120 (a caixa) e R$ 49 (cada fita)


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