São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2000


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Nova edição terá jazz, música eletrônica e rock e tenta atrair público mais jovem
Free Jazz na tomada

Carol Quintanilha/Agência Átimo
Neil Barnes, do Leftfield, que mostrará o mais recente CD da dupla ("Rhythm and Stealth") no Brasil



Festival acontece nos dias 19, 20 e 21 de outubro, no MAM, no Rio, e 20, 21 e 22, no Jockey Club, em SP


LEANDRO FORTINO
ENVIADO ESPECIAL À INGLATERRA

Nas guitarras, o rock do Sonic Youth; nos teclados, a música eletrônica do Leftfield; e, na bateria, o jazz de Max Roach. Foi anunciada a escalação internacional da edição 2000 do Free Jazz Festival, que, este ano, além dos dois já tradicionais estilos (jazz e música eletrônica), abre espaço para o rock experimental do grupo Sonic Youth e para o namoro de Sean Lennon e a bossa nova.
Mesmo com o risco de a lei antitabaco (que proíbe o patrocínio de marcas de cigarro a eventos culturais) ser aprovada, o maior festival de música do Brasil, com orçamento de US$ 7 milhões, acontece nos dias 19, 20 e 21 de outubro, no Museu de Arte Moderna, no Rio, e 20, 21 e 22, no Jockey Club, em São Paulo.
Para garantir que o evento seja realizado legalmente, serão feitas duas propostas de cenários para cada um dos três palcos do evento, criados pelo cenógrafo Abel Gomes: uma com o logotipo da marca de cigarro Free (Souza Cruz) no fundo e outra sem.
Mesmo assim, a organização do Free Jazz ainda corre o risco de perder quase todo o seu material promocional, que ficou pronto na semana passada.
O investimento no elenco internacional tenta atrair um público mais jovem, o que explica o número maior de artistas pop, se comparados às atrações de jazz.
Mas os fãs do estilo não ficarão decepcionados. O pianista Max Roach mostrará seu talento, confirmado nas participações em dezenas de discos de "imortais" como Charlie Parker e Miles Davis.
Com o cantor norte-americano Beck cancelando pela terceira vez consecutiva sua participação no Free Jazz, quem sai ganhando são os fãs de rock.
No lugar dele, entra o quarteto nova-iorquino Sonic Youth, um dos grupos mais cultuados do cenário underground norte-americano, que finalmente pisa no país após quase 20 anos de estrada.
A praia de música eletrônica é fortalecida pelos shows de Moloko e Talvin Singh, mas os estrobos deverão piscar mais intensamente para a dupla Leftfield.
Perfeccionistas, os ingleses Neil Barnes e Paul Daley demoram anos para gravar discos. Estão juntos desde 89 e lançaram apenas dois álbuns: "Leftism", de 1995, e "Rhythm and Stealth", de 1999. Antes de registrar em CD um som sob o nome Leftfield, o duo era um dos mais requisitados na produção de remixes.
"Foi muito difícil gravar "Rhythm and Stealth", pois o nosso primeiro disco foi muito aclamado e nos cobramos muito para repetir o resultado. É necessário tempo para desenvolver conceitos e experimentar", contou Barnes, sábado, em Staffordshire, norte da Inglaterra.
Os dois anos gastos em estúdio parecem ter atingido as expectativas da dupla. "Rhythm and Stealth", lançado no Brasil pela Sony, estreou direto no topo da parada britânica. É desse disco que saem seis das dez músicas que serão apresentadas no Brasil.
"Passar as faixas do disco para o palco foi muito difícil. Na nossa primeira turnê, levamos dez meses ensaiando para conseguirmos fazer as músicas funcionarem. Até tentamos fazer tudo ao vivo, mas não soava como Leftfield, porque a nossa música é feita com máquinas e tínhamos de mostrar a verdade", contou Barnes.
Para ele, uma banda de música eletrônica se apresentar num festival de jazz não é surpresa, já que o grupo fez show no último festival de Montreux. "O estranho é tocarmos em festivais de rock, como o Reading." As apresentações do Leftfield acontecem no Main Stage do Free Jazz, dias 20, no Rio, e 21, em São Paulo.


O jornalista Leandro Fortino viajou a convite da organização do Free Jazz Festival

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