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"Brilhante" Talvin Singh embarca sua egotrip para o Brasil
DO ENVIADO À INGLATERRA
A palavra modéstia passa longe
do vocabulário de Talvin Singh. O
produtor inglês de origem indiana traz ao Brasil a mistura das batidas rápidas do drum'n'bass com
instrumentos típicos da Índia que
rendeu a ele, no ano passado, o
mais conceituado prêmio da música britânica, o Mercury Music
Prize, pelo álbum de estréia,
"OK", de 1998. Singh se apresenta
no palco New Directions (dedicado a novos artistas) do Free Jazz
Festival nos dias 21 de outubro, no
Rio, e 22, em São Paulo.
"Sou um produtor brilhante!",
diz Singh em entrevista feita na
sexta-feira. Usando fones de ouvido, ele escuta o ainda inacabado
sucessor de "OK" -com lançamento previsto para fevereiro de
2001- e comenta: "Sou muito rápido, faço em 15 minutos uma
música que alguém levaria dois
meses para fazer. Penso: "Sou
muito bom fazendo isso"."
Mas, no Brasil, ele não pretende
dar nenhuma amostra desse novo
disco. E nem do aclamado "OK".
"O show vai ser basicamente de
percussão, com muito improviso
e exploração de ritmos. Serão
apenas três pessoas. Não vou tocar nada do novo disco, pois há
muitos músicos, é uma grande
produção", conta Singh.
A egotrip do produtor ainda é
revelada quando ele fala sobre ter
vencido o Mercury Prize, disputando o prêmio com grandes nomes da música britânica, como
Blur, Chemical Brothers e Leftfield. "Não fiquei nada surpreso
em ganhar o prêmio, porque o
Mercury Prize premia artistas
inovadores. Se você prestar atenção nos outros concorrentes, era
óbvio que eu iria ganhar."
Tanto convencimento tem até
justificativa. Singh ajudou a colocar no mainstream o movimento
Asian underground, surgido no
final dos anos 80, em Brick Lane
(Londres), e encabeçado por artistas como State of Bengal e Osmani Soundz.
O sucesso como produtor e a
sua habilidade com as tablas deram a Singh credibilidade e convites: saiu em turnê com a islandesa
Björk e acabou de produzir uma
faixa da popstar Madonna.
Ao saber que se apresentaria na
mesma noite do percussionista
Marcos Suzano, Singh comemorou, mesmo sem conhecer o trabalho do músico: "Quero tocar
com ele". "Sempre quis muito ir
ao Brasil por causa da música que
me inspirou. Fui muito influenciado por percussionistas como
Naná Vasconcelos, que eu já conheço há bastante tempo."
(LF)
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