São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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Temporada de abstinência

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Da esq. para a dir., Gisele Libutti, Silvana Braggio, Noêmia Freire, Fernanda Guedes, órfãs de "Sex and the City"


Com Manhattans e Cosmopolitans em punho, 4 fãs de "Sex and the City" se preparam para o adeus ao programa

ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Amor, amizade, trabalho, sucessos e fracassos, moda e glamour. Muito glamour. Foi com essa fórmula sagrada que Darren Star criou a série "Sex and the City", baseada nos textos de Candace Bushnell, e conseguiu conquistar qualquer terráqueo que tenha assistido ao programa por mais de 15 minutos.
Agora, na hora da despedida, os fãs de "Sex" sentem-se órfãos e se preparam, com dor no coração, para o adeus a suas heroínas, que, no Brasil, acontece amanhã, às 22h45, no canal pago Multishow.
O segredo da fórmula é dividido em partes iguais em quatro personagens que dispensam apresentação, todas bonitas, independentes e bem-sucedidas, vivendo situações capazes de atrair um imenso sentimento de afinidade nas mulheres -nem que seja pela vontade de ser uma igual.
Foi assim que a artista gráfica paulistana Fernanda Guedes, 37, "caiu" no conto da série e se prepara para dar adeus a Carrie Bradshaw (personagem de Sarah Jessica Parker).
"Assisto desde que começou a passar no Brasil. Na semana passada, comprei as cinco temporadas de uma vez só. Vai ser difícil conter as lágrimas na próxima segunda", diz, lamentando o fim.
Fernanda se viciou. Assiste aos episódios na televisão na segunda-feira, às reprises na terça e, se tem sorte, como ela mesma diz, volta a ver no sábado. "E o meu marido não pode nem chegar perto de mim", diz ela que, ao contrário de Carrie, é casada.
"O roteiro é muito bem bolado, bem amarrado. Eles pegam um tema e desenvolvem em quatro diferentes histórias com as personagens. É como se fosse um exercício para imaginar como diferentes pessoas reagiriam a um determinado tipo de coisa", afirma, tentando justificar o vício.
Assim como Carrie, Fernanda tem três superamigas -no melhor estilo Samantha-Miranda-Charlotte-, que se reúnem pelo menos uma vez por mês em bares e restaurantes ou até em programações "alternativas", como uma tarde de compras.
Assim como Carrie, Fernanda é louca por moda e passou até a adotar marcas da heroína em seu guarda-roupa. Camiseta com estampa, por exemplo, é algo que Carrie "deu" a Fernanda. "Comecei a misturar as cores, azul com vermelho, coisas que de repente você não imaginaria usar."
Para o "grand finale" da série, a artista combinou com suas três superamigas Noêmia, Silvana e Giselle uma sessão divertida com direito aos drinques Manhattan e Cosmopolitan -habituais da série. Cada uma delas deve ir vestida como sua personagem favorita.

Samantha? Sim!
Solteira e independente, a publicitária Noêmia Freire, 36, não tem dúvidas de que roupa usar. "Elas acham que sou a Samantha. Fiquei com a pior parte", diz, divertindo-se com a personagem de maior apetite sexual.
Sem namorado, Noêmia diz que já se viu em várias situações que poderiam servir de roteiro para "Sex". Infelizmente, segundo ela, são histórias "impublicáveis".
O calor nos relacionamentos, principal afinidade com Samantha, veio antes de "Sex". "Às vezes eu assisto aos episódios e digo "sou eu ali!", eu me vejo na mesma situação." Mas Noêmia confessa que também foi influenciada pelo seriado. "Tem algumas coisas meio loucas como usar salto alto com bermuda. Eu uso isso, faço produções mais ousadas em ocasiões especiais."
Noêmia diz que vai sofrer com o fim do seriado e que não queria nem assistir ao último episódio. "O que os olhos não vêem o coração não sente", diz ela, que vai usar de DVDs para se consolar.

Carrie, Charlotte, Miranda
A publicitária Silvana Braggio, 39, também vai ao encontro de amanhã. Talvez ela tenha problemas para saber como se vestir. "Eu me identifico com a Carrie, gosto muito de escrever, sempre busquei o amor e tenho um pouco de malícia", diz, admitindo que é um pouco Charlotte e que também tem o sarcasmo da Miranda.
Casada, Silvana tratou de viciar o marido na série. "Primeiro ele achava que era programa de mulher. Depois, acabou me dando de presente os DVDs", conta.
As influências que a série trouxe ficam no visual: mais brinco, mais cabelo, mais sapato. Louca por moda, Silvana elegeu Fernando Pires como versão brasileira de Manolo Blahnik.
A artista gráfica Giselle Libutti, 37, a quarta amiga, acha que é a Charlotte do grupo. "Não sou totalmente romântica, mas sou a mais caretinha."
Caretinha, mas eficiente. Em entrevista à Folha, ela confessou que conseguiu o que Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha passaram seis temporadas tentando: "Não estou mais à procura do príncipe encantado. Já achei".


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