São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2005

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TEATRO

Especial explora sociologia de Plínio Marcos

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

É como diz José Joffily, que dirigiu o filme "Dois Perdidos numa Noite Suja" (2000): Plínio Marcos "está à frente das ciências sociais". Deveria ser visitado com mais freqüência pela academia e afins. O cineasta é um dos entrevistados no programa "Retratos Brasileiros", do Canal Brasil, que reprisa a edição de 2003 dedicada ao dramaturgo santista.
Nunca é demais colocar Plínio Marcos (1935-99) na ordem do dia. Como ele mesmo dizia, suas peças permanecem lamentavelmente atuais não por causa dele, o autor, mas porque os contrastes sociais deste país são de tal forma arraigados que só reforçam aquela parcela humilhante de excluídos -acolhidos sem comiseração em seu teatro (há duas semanas, havia três peças dele em cartaz em São Paulo).
Em "Retratos", a escrita pliniana serve ao recorte audiovisual a partir do depoimento de artistas e especialistas. São exibidos, por exemplo, trechos de dois filmes fundamentais de Braz Chediak. Chance de conferir -ainda que por breves segundos- elogiadas atuações de Glauce Rocha como a prostituta Neusa Suely, em "Navalha na Carne" (1969), ou a dupla Emiliano Quairoz e Nelson Xavier, em "Dois Perdidos" (1970).
Em ambas as peças, os conflitos explodem para além das paredes dos quartinhos de cortiço em que os personagens oprimidos também escalam, sem dó, formas paralelas de poder e exploração. Para além dessa confrontação política, como lembra o crítico Macksen Luiz, o realismo toca em feridas da natureza humana, o que também confere universalidade.
O programa cita ainda a passagem de Plínio pela televisão. Não como autor, mas ator. A criação do personagem Vitório na novela "Beto Rockfeller" (1968, TV Tupi) trazia muito do palhaço Frajola, que viveu a juventude em Santos. O humor é contraponto essencial ao autor para reportar a dor, a crueldade e algum lirismo nas "quebradas do mundaréu".


Retratos Brasileiros
Quando:
hoje, às 19h, no Canal Brasil


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