SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO

A emigração japonesa para o Brasil, no início do século 20, e a tendência de retorno dos descendentes ao Japão, quatro gerações depois, é o fio histórico do filme de ficção "Gaijin - Ama-me como Sou", que venceu o 33º Festival de Gramado, no sábado.
O longa, baseado na história da família da cineasta brasileira de origem japonesa Tizuka Yamasaki, 55, ganhou ainda o troféu Kikito de melhor direção (Yamasaki), atriz coadjuvante (Aya Ono) e música (Egberto Gismonti).
De narrativa épica, "Gaijin -Ama-me como Sou" custou R$ 10 milhões e reproduz cenograficamente a Londrina de 1908. O filme tem estréia prevista para o mês que vem. Yamasaki foi breve em seu agradecimento: "Obrigada, Festival de Gramado. Viva o Brasil. Viva o cinema brasileiro".
Entre as outras cinco ficções na disputa, "Cafundó", de Paulo Betti e Clóvis Bueno, igualou-se a "Gaijin" em Kikitos recebidos (quatro). A estréia de Betti na direção levou o Prêmio Especial do Júri e os Kikitos de melhor ator (Lázaro Ramos), fotografia (José Roberto Eliezer) e direção de arte (Vera Hamburger).
A melhor atriz foi Priscilla Rozembaum ("Carreiras, de Domingos Oliveira) e o melhor ator coadjuvante, Miguel Ramos ("O Cerro do Jarau", de Beto Souza).
"Diário de um Novo Mundo", de Paulo Nascimento, foi eleito melhor filme pelo júri popular.
A platéia aplaudiu intensamente o Prêmio Especial do Júri dividido na categoria documentário entre "Do Luto à Luta", de Evaldo Mocarzel, e "Doutores da Alegria", de Mara Mourão (melhor documentário pelo voto popular). "Do Luto à Luta" trata da síndrome de Down. "Doutores da Alegria" aborda o trabalho dos palhaços com crianças em internação hospitalar.
O melhor documentário segundo o júri oficial foi "Soy Cuba - O Mamute Siberiano", de Vicente Ferraz, eleito melhor filme do festival pela crítica.