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Crítica
Perversões dão o tom em "A Menina Santa"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Em "A Menina Santa" (Telecine Cult, 22h), existe um
mundo inteiro de ocultações.
Há um médico exemplar que
gosta de molestar garotinhas.
Há também uma garota católica que acredita ter como missão salvar esse homem -ao
mesmo tempo em que isso representa para ela a descoberta
da sexualidade.
A alma dos homens é feita de
desvãos, uma sucessão de caminhos mal traçados. Existe,
nos dois personagens principais criados pela diretora Lucrecia Martel (para atores magníficos), algo que talvez se pudesse chamar de perversões
cruzadas.
No entanto, essas perversões
não esgotam seus personagens.
Elas fazem parte deles (fazem
parte até da religiosidade da
menina), mas percebemos a
complexidade desses seres. Sabemos que a ruína que os ronda
não é apenas retórica: ela ronda a nós também.
Fazer belos filmes, andam
nos ensinando os cineastas argentinos, não é queimar um
monte de dinheiro. É abrir-se
dolorosamente.
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