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Bienal do Livro de SP lota na reta final
Filas imensas no Anhembi marcam penúltimo dia da feira; lentidão expõe necessidade de aprimorar infraestrutura
Homenageada, Lygia Fagundes Telles, 87, recebe tratamento de diva e diverte o público contando as memórias
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
DE SÃO PAULO
O pavilhão do Anhembi lotou ontem, no penúltimo dia
da 21ª Bienal do Livro de SP,
cujo destaque foi a palestra
de Lygia Fagundes Telles.
Filas de carros no estacionamento, multidão nas bilheterias e corredores e lanchonetes abarrotadas mostraram tanto o sucesso de público do evento quanto a necessidade de aprimorar sua
estrutura. A lentidão era a
marca de todas as filas.
No Salão de Ideias, às 17h,
Telles, 87, recebeu tratamento digno de estrela -foi alvo
de flashes de fãs e deixou
muita gente de fora, espiando pelos vidros.
Ao ver a situação, lembrou
de quando visitou Monteiro
Lobato na prisão, em 1941.
"Ele dizia: "O escritor no Brasil morre pobre e ignorado".
Bom, rica eu não sou, mas
pelo jeito não sou ignorada",
disse, rindo e sob aplausos.
Ela falou também de sua
amizade com Clarice Lispector (1920-1977), sempre imitando o sotaque e o jeito de
falar da amiga, e da relação
que estabelece com seus próprios personagens.
"Eu entro nos personagens. É uma delícia. Esses
personagens me acolhem e aí
eu escrevo", disse.
Por causa desse apego, a
escritora falou da tristeza que
sentiu quando terminou "As
Meninas", um de seus livros
mais importantes. "Chorei
quando vi que estava me despedindo daquelas meninas."
E acrescentou: "Mas tem personagens que voltam...".
Antes, no mesmo espaço,
o escritor Moacyr Scliar e o
psicanalista Contardo Calligaris, colunistas da Folha, e
a autora Ana Maria Machado
falaram sobre as questões do
amor e da paixão na literatura e além dela.
Em meio a histórias pessoais sobre casamentos e
amizades, Calligaris resumiu
o sentido do debate: "O amor
é o grande tema literário. E é
o grande tema da vida".
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