São Paulo, sexta, 22 de agosto de 1997.



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JAMAICA É AQUI
Ska prepara sua disseminação no Brasil

Lalo de Almeida/Folha Imagem
O grupo paulistano Skamoondongos, que, com o Skuba e o Boi Mamão, fazem hoje o show de lançamento do CD "Ska Brasil"


MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha

Um ritmo dançante nascido na Jamaica no começo dos anos 60, que passeou pelos sons de Bob Marley a Titãs, prepara sua entrada definitiva no Brasil.
Não, não é reggae. É o ska, embrião do reggae, com batidas mais rápidas, letras ora despretensiosas, ora engajadas politicamente, que passou por "três ondas", originando subgenêros como ska-punk e 2 tone. O ritmo está presente do Japão à Suécia, da Argentina ao Alaska (leia abaixo).
Apesar de nunca ter desaparecido nesses 50 anos de existência, o ska sempre foi um ritmo marginal, underground, tocado e ouvido pelos guetos do mundo inteiro.
O lançamento de uma coletânea com cinco bandas brasileiras e outra, também com grupos nacionais, que será lançada até o final deste ano pela Moon Ska Records, uma das maiores gravadoras do gênero do mundo, são alguns dos ingredientes que prometem fazer os brasileiros dançarem sem parar.
A coletânea "Ska Brasil" (Paradoxx) introduz, nos anos 90, o ritmo no país, que teve presenças esporádicas, em meados dos 80, com Paralamas do Sucesso (seus dois primeiros discos, "Cinema Mudo" e "Passo do Lui", são puro ska), Titãs ("Sonífera Ilha") e Ultraje a Rigor ("Nós Vamos Invadir sua Praia").
Hoje, Skamoondongos, Boi Mamão e Skuba, integrantes do "Ska Brasil", fazem o show de lançamento do CD.
Além dessas bandas, Manuels, de São Paulo, e Mr. Rude, de Belo Horizonte, estão presentes no CD, com três músicas cada.
Clemente, vocalista e guitarrista da banda punk Inocentes e produtor do "Ska Brasil", diz que o ska não é o ritmo apenas para o próximo verão. "Desde sempre houve bandas tocando ska no Brasil e no mundo. Essa coletânea é para mostrar o movimento que sempre existiu e é forte."
"Diferentemente do que aconteceu no final dos 70, quando o ska era extremamente politizado, sob influência do punk inglês, hoje não há um discurso homogêneo e sim um som em comum entre as bandas", afirma Clemente.
Novos discos
A banda paulistana Skamoondongos está em estúdio terminando de gravar o primeiro CD, "Segundo", que deve sair no final de setembro, pela Paradoxx.
"O nome é meio uma forma de nós esquecermos que estamos fazendo o primeiro disco", diz o baterista Wellington de Melo, 22.
No show de hoje, o grupo vai tocar "Ska com Maracatu", "Uma Vez" e "Pobre Plebeu", esta em alta rotação nas rádios e na MTV.
"Nós não esperávamos esse sucesso repentino de 'Pobre Plebeu'. Até então a gente não tinha aprendido a fazer show, só a tocar."
Cada banda deve fazer uma apresentação de cerca de 40 minutos.
O novo CD da curitibana Skuba, "Churraskada", também está no forno e deve sair em novembro, com a música "Triado".
O novo vocalista da banda, Sergio Soffiatti, 25, ex-Sr. Banana, diz que o clipe da música "Triado" (bêbado, em gíria curitibana) tem um estilo "neo-hippie" e fala dos "três elementos básicos da natureza: mulher, bebida e comida".
Elementos esses que, aliás, estão presentes em quase todas as músicas do "Ska Brasil".
No show, os curitibanos do Boi Mamão, que fazem um som próximo ao skacore, tocam um cover de "Eu Gosto é de Mulher", do Ultraje a Rigor, além das músicas do grupo.
No disco, essa música tem participação de Roger, vocalista do Ultraje, e Rodolfo, dos Raimundos.
"Nós fazemos um som 'para cima', com influências brasileiras", disse o baterista Renê Bernunça.
Um dos clipes da banda virou cult na cena alternativa. O trash "Kronkanildo", dirigido por Zé do Caixão, em 94, foi exibido até no "Eurotrash" (TVA), apresentado por Jean-Paul Gaultier.

Show: Skamoondongos, Boi Mamão e Skuba Quando: hoje, à meia-noite Onde: Florestta (r. Funchal, 500, Vila Olímpia, tel. 011/822-8891) Quanto: R$ 15



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