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TELEVISÃO
TV Vanguarda Taubaté pretende estimular a produção de conteúdo local e servir de laboratório para a Rede Globo
Boni aposta no regional em lançamento de emissora
CAROL FREDERICO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A globalização versus a regionalização. É apostando na necessidade desse confronto de interesses que José Bonifácio de Oliveira
Sobrinho, o Boni, inaugurou oficialmente no sábado a TV Vanguarda Taubaté, no ar há um mês.
Quando foram abertas licitações para algumas emissoras do
Estado, Boni diz ter se identificado com a região de Taubaté, enquanto já negociava com a Globo
a compra da filiada de São José
dos Campos, no ar há 15 anos.
"Não entrei como sócio, apenas
como "palpiteiro-mor", já que as
ações pertencem aos meus filhos,
e a Globo exige fidelidade de seus
sócios. Preferi ficar livre, caso
apareça outra oportunidade de
criar uma outra rede regional independente da Globo", explica.
Para Boni, que vê a globalização
como uma "ameaça", a regionalização de uma programação de
TV nada mais é do que reação.
"O caminho é fazer televisões
mais despojadas, locais, que falem
com a comunidade. A TV brasileira não está perdida: está engessada e depende de um único produtor de conteúdo que é a Globo."
Se a globalização impede, de alguma maneira, o regional, a proposta da Rede Vanguarda é apostar na capacidade criativa do Brasil, dando maior autonomia diante das TVs por assinatura.
"Por ser uma emissora experimental, ficará distante daquilo
que nós chamamos de hábito. O
único hábito que nós temos que
cultivar aqui é o da informação,
direcionada para quem está por
perto", completa Boni.
A primeira parte dos investimentos está voltada para a expansão das emissoras, que atingirão
46 cidades da região do Vale do
Paraíba, Bragantina, serra da
Mantiqueira e litoral norte.
Os investimentos na área de
conteúdo devem sair a partir de
janeiro. Boni propõe a produção
de dramaturgia nos estúdios de
universidades locais e a realização
de um festival de música, em parceria com Solano Ribeiro. A própria Globo poderá testar ali programas, produtos e comerciais.
A prioridade é para o jornalismo local, e, segundo J.B. de Oliveira, o diretor da Globo Boninho,
a idéia é explorar os espaços alternativos. "Vamos entrar nas brechas, em horários nobres como o
após o "Fantástico", o horário depois do "Programa do Jô, toda a
manhã de sábado, além de alguns
horários no domingo", diz.
Crítica
Estavam presentes na solenidade de inauguração da TV Vanguarda o governador Geraldo
Alckmin (PSDB) e o ministro das
Comunicações, Miro Teixeira,
para quem "a combinação de rede nacional com produção local
vai salvar o conteúdo brasileiro".
Sobre os últimos acontecimentos envolvendo uma suposta entrevista de membros da facção
criminosa PCC, no "Domingo Legal" (SBT), apresentado por Gugu Liberato, o ministro das Comunicações disse estar, pessoalmente, estarrecido. "Não conheço precedente tão grave que tenha
sido tão facilmente comprovado.
Acredito que, pela primeira vez,
houve uma demonstração tão
grande da deformação da verdade ou da prática ou aproveitamento da mentira", disse.
Segundo ele, o ministério instaurou um processo, devido à
gravidade dos fatos, e Gugu terá
um prazo de defesa de dez dias a
partir de sua notificação.
A respeito do mesmo tema, Boni falou: "A televisão brasileira já
cometeu alguns deslizes e passou
por momento difíceis como este.
Não tenho uma opinião formada
sobre o assunto, mas a falsificação
de uma notícia é inaceitável. Não
admito nem falsificar pegadinha,
quanto mais notícia".
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