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O avanço do retrô
The Killers e Scissor Sisters lançam segundos discos em que escancaram
as influências do rock oitentista e da disco music de três décadas atrás
Bandas norte-americanas venderam juntas quase 9 milhões de
cópias de seus álbuns de estréia e fazem
mais sucesso fora dos EUA
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL A BLACKPOOL
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles vêm dos EUA, mas fazem mais sucesso na Europa (e
até no Brasil) do que em sua
terra natal; somados, seus álbuns de estréia venderam quase 9 milhões de cópias no planeta; agora, estão lançando o
segundo disco, em que acentuam a ida ao passado para buscar referências. Os dois são pop
até o osso, mas, enquanto o Killers mergulha nos anos 80, o
Scissor Sisters atira-se mais
longe, até a disco dos 70.
Se com "Hot Fuss" e "Scissor
Sisters", ambos de 2004, Killers e Scissor Sisters ganharam
rotação nas rádios, bom espaço
em jornais e revistas e escalação decente em vários festivais,
"Sam's Town" e "Ta Dah" devem colocá-los entre os grandes artistas da música pop. A
Universal promete lançar os
discos aqui até o final do mês.
A Folha conversou com
Brandon Flowers e Mark
Stoermer, vocalista e baixista
do Killers, em Blackpool, cidade praiana do norte da Inglaterra cujo cenário decadente,
preso em décadas passadas, parece ter sido escolhido a dedo
pela banda para realizar a audição do novo álbum.
As influências dos anos 80,
que marcam o Killers desde
seu nome (tirado de um vídeo
do New Order), continuam
presentes em "Sam's Town" e
ainda são assumidas pela banda. "Acho que está no nosso
sangue, de ouvir Queen, Cars,
essas coisas, acaba transparecendo na música que fazemos",
afirma Flowers. "Não nos sentamos pensando "vamos escrever uma música que soe como o
Queen". É um processo natural", completa Stoermer.
"Sam's Town" traz a banda
de Las Vegas ainda bebendo
nos anos 80 e em seus sintetizadores, mas mostra o Killers
usando metais, coros e influências que regridem até os Beatles. "É excitante mudar, desafiar-se. Acho que fizemos isso e
fomos bem-sucedidos, temos
orgulho do álbum independentemente do que aconteça com
ele", diz Flowers. "Há canções
que parecem destinadas [a se
tornar clássicos], mas nunca se
sabe o que vai ocorrer."
A banda tampouco parece intimidada pela pressão do segundo disco. Soando bastante
seguros, eles reconhecem e assumem a responsabilidade.
"Não temos desculpas, tivemos
mais tempo para gravar, mais
dinheiro e recursos para fazer o
que quiséssemos", diz Flowers.
Springsteen e Elton
O vocalista do Killers assume
que Bruce Springsteen foi
grande influência para compor
"Sam's Town". Já durante a
produção de "Ta Dah", quem
esteve presente -em corpo e
alma- foi Elton John.
Fã declarado do Scissor Sisters, Elton John toca piano em
"I Don't Feel Like Dancing" e é
co-autor da música, lançada no
exterior como single. A música,
no clima que permeia todo álbum, é claramente inspirada na
disco music dos anos 70.
Autor do sensacional cover
"Comfortably Numb" (Pink
Floyd), o quinteto Scissor Sisters é ídolo gay, principalmente
na Europa. "Conhecemos o
conservadorismo dos EUA",
disse o vocalista Jake Shears à
revista "Q". "Claro que gostaríamos de ser grandes em nosso
país, mas não vou mudar quem
eu sou para conseguir isso."
Há poucos dias, fizeram
show gratuito na Trafalgar
Square, no centro de Londres.
Em 2005, fecharam o V Festival, ao lado do Franz Ferdinand
-e, no palco, as duas bandas tocaram "Suffragette City", de
David Bowie. Quem sabe os
EUA um dia alcancem a banda.
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