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Última Moda
Alcino Leite Neto (em Nova York) @ - ultimamoda@folhasp.com.br
Primeira World Fashion Week será em dezembro
Megaevento pretende reunir estilistas de 38 países em Los Angeles para desfiles, premiação e festa beneficente
O calendário de moda internacional ganhará um encerramento especial a partir deste ano. A primeira edição da
World Fashion Week deve
acontecer na primeira semana
de dezembro, em Los Angeles
(EUA), e promete reunir os melhores estilistas de 38 países,
incluindo o Brasil, para uma série de desfiles, uma feira de negócios e uma premiação.
"A idéia é que esse encontro
seja uma grande festa da moda,
reunindo e premiando os melhores designers e as melhores
coleções do ano, tudo aliado a
uma grande campanha beneficente", diz Paco de Jaimes, diretor geral do evento, em entrevista à Folha.
De Jaimes, que trabalha há
15 anos organizando eventos e
desfiles para grifes como Chanel, Betsey Johnson, Lacoste e
Hugo Boss, adiantou que o sexto dia do evento será dedicado
a uma espécie de Teleton, nos
mesmos moldes do que acontece anualmente no Brasil.
As doações serão revertidas
para obras de caridade selecionadas pelos ministérios da Cultura e do Turismo dos países
participantes. "Teremos uma
série de shows e celebridades
se revezando na apresentação.
Parte dessas ações será televisionada, e o público de todas as
nações envolvidas poderá fazer
doações por telefone", afirma.
Os planos dos organizadores
são ainda mais ambiciosos. Está prevista para o último dia da
World Fashion Week uma premiação dos melhores do ano na
moda, incluindo estilistas, coleções, desfiles e modelos, entre outras categorias.
Já a abertura será feita com
um grande baile de gala, previsto para o dia 7 de dezembro no
Kodak Theatre, o mesmo local
onde acontece a cerimônia de
entrega do Oscar.
"Durante outubro e novembro divulgaremos o line-up de
desfiles e também alguns dos
convidados especiais do evento. Será uma lista top, com nomes de destaque na moda, celebridades e representantes dos
governos envolvidos", diz De
Jaimes, que não quis revelar o
nome dos convidados.
Além de arrecadar fundos
para entidades beneficentes, a
World Fashion Week também
abrirá espaço para uma feira de
negócios. Cada país poderá levar até dez empresas de moda
ou da área têxtil, e os organizadores facilitarão as vendas convidando os compradores. Tanto a feira quanto os desfiles devem acontecer no Centro de
Convenções de Los Angeles.
As coleções apresentadas serão um mix das duas temporadas do ano (primavera/verão e
outono/inverno). "Além das
peças que já terão sido apresentadas nas semanas de moda
do mundo, vamos pedir que alguns estilistas produzam um
ou mais looks inéditos para o
evento", conta De Jaimes. Os
criadores serão selecionados
levando em conta a importância de seu trabalho no país de
origem.
Segundo o diretor da World
Fashion Week, apenas a primeira edição do evento acontecerá nos Estados Unidos. A partir de 2007, a World Fashion Week será realizada a cada ano em um dos países participantes, entre eles, França,
Itália, Inglaterra, Japão, China,
Bélgica, Dinamarca, Espanha e
Alemanha, além do Brasil.
Nova York quer definir moda global
Coleções da Olympus Fashion Week buscam um estilo internacional
A jornalista Alicia Drake conta
no livro "The Beautiful Fall" que, nos anos 60,
os americanos costumavam comprar dos estilistas franceses a autorização para copiarem os modelos das roupas nos Estados Unidos.
Até hoje, a moda americana ainda se ressente desse antigo negócio: ela parece ter grande dificuldade para definir uma imagem
própria, como se viu em boa parte
dos desfiles da temporada primavera-verão 2007 da Olympus Fashion Week, em Nova York, que
terminou na última sexta-feira.
Nas passarelas, é como se muita
coisa fosse um arremedo do que se
faz na Europa, sobretudo em Paris.
As adaptações chegam a ser sofisticadas, em termos de material e
de corte, mas carecem de personalidade. Poucos designers conseguem definir um estilo singular,
que leve em conta um certo modo
de ser americano -como Ralph
Lauren-, ou ao menos nova-iorquino -como Donna Karan.
Mas talvez esta exigência do "caráter nacional" da moda americana não faça mais sentido, se considerados o papel de liderança
mundial dos EUA e a forte internacionalização por que passa a Olympus Fashion Week.
Metrópoles mundiais
Além de agremiar grifes de
vários países, inclusive do Brasil (Alexandre Herchcovitch,
Carlos Miele, Rosa Chá e
Cia. Marítima), o evento espelha cada vez mais o descompromisso dos novos
criadores locais com a
definição de uma moda americana. Os
principais dentre
eles, como Marc Jacobs e Zac Posen,
estão mais interessados em
firmar um
estilo global do que
em definir
um modelo
nacional.
A coleção
de Jacobs, por exemplo, busca a
universalização numa simbiose
entre elementos do streetwear das
metrópoles mundiais com a substância moderna da moda inventada por estilistas japoneses e europeus.
Zac Posen, por sua vez, está
preocupado em definir uma nova
elegância "jet-set" para garotas
contemporâneas, muito ricas e
loucas por um pouco mais de humor e malícia na tradição do luxo.
Coisa parecida ocorreu com a
grife Rodarte, das irmãs Kate e
Laura Mulleavy, que se aproximou
do universo da alta-costura com
um irônico espírito vintage. O resultado foi uma coleção muito
atual, que chamou a atenção para
esta nova grife californiana.
A ótima coleção da Calvin Klein
-uma das mais tradicionais marcas dos EUA- também mostra este desapego com o fundamento
nacional. Embora preserve algo da
imagem de síntese e clareza que
definem historicamente a grife, a
coleção caminha para um outro lugar: busca um estilo minimalista
super-sofisticado, nesta temporada muito mais inspirado no designer austríaco Helmut Lang e em
outras fontes européias do que na
herança da Calvin Klein.
"Quisemos realizar nesta coleção algo que representasse mais o
estilo de vida contemporâneo",
disse o brasileiro Francisco Costa,
hoje no comando criativo da grife.
Você quer dizer um estilo de vida
americano?, perguntou a Folha. "Não, um estilo global! A
urbanização está cada vez mais
acelerada e as metrópoles cada vez mais conectadas entre
si", afirmou o estilista. Neste
ano, Costa ganhou o prêmio
de melhor designer dos EUA,
entregue pelo Council of Fashion Designers of America.
Pode amarrotar
A busca de sintonia com a atualidade dinâmica da globalização se
refletiu não apenas no desenho
das peças -com suas silhuetas
muito leves e elegantemente informais-, como na escolha dos tecidos usados pela Calvin Klein.
Além de românticas organzas,
Costa utilizou o nylon e até a borracha em looks que se inspiram
muitas vezes na roupa esportiva,
como os casaquinhos com minúsculas perfurações sucessivas e as
blusas monocromáticas com números de futebol em relevo.
"Alguns tecidos são muito frágeis, como a organza. Se você faz
algo que tem uma forma muito
precisa, a pessoa não vai poder levar a roupa numa viagem. Este
efeito mais orgânico dá mais facilidade para a mulher. A roupa pode
amarrotar na bagagem que está tudo bem", disse Costa, preocupado
com as viagens de suas clientes. Os
brancos e pretos dominaram a
passarela -intercalados por looks
inesperados em amarelo-ovo. Pretos e brancos, aliás, reinaram em
Nova York.
Apesar do requinte arquitetônico das roupas, Costa definiu a sua
coleção como "esportivo light",
para acentuar seu lado contemporâneo e antenado com as
atuais demandas femininas
-muita moda, mas também
muita praticidade.
WARHOL
Andy Warhol volta a seduzir
Nova York. Uma exposição
com 19 retratos que ele fez de
Mao Tse-tung,
em 1972, está acontecendo na
charmosa galeria L&M Arts. E
"Andy Warhol: A Documentary" tem lotado uma das salas
do Film Forum, no Soho. O filme tem quatro horas de duração, mas o público resiste bravamente, à medida que Warhol
vai se tornando cada vez mais
brilhante, excêntrico e fundamental para a arte do século 20.
DOIS GÊNIOS
Acaba de sair nos EUA "The
Beautiful Fall" (A Bela Queda,
ed. Little Brown and Company), da jornalista Alicia Drake, um emocionante livro de
história da moda -mas também um catálogo de dramas e
anedotas intermináveis sobre
Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld. Os dois eram amigos
muito próximos na juventude.
Com o tempo, foram se distanciando, até deixarem de se relacionar. Através das trajetórias
dos dois grandes estilistas, a autora traça um painel do período
mais glorioso e turbulento da
moda parisiense -entre os
anos 50 e os 70.
A CIÊNCIA DO SONO
O francês Michel Gondry, diretor do cult "Brilho Eterno de
uma Mente Sem Lembrança",
aproveitou o lançamento de
seu novo filme em Nova York
para fazer uma exposição com
o mesmo nome na galeria
Deitch Projects 76: "A Ciência
do Sonho". A exposição reúne uma série de objetos e
instalações neo-surrealistas
do diretor e de seus convidados, como Lauri Faggioni. O filme é uma história
de amor absurda, protagonizada por Gael Garcia Bernal e Charlotte
Gainsbourg.
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