São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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TEATRO - ESTRÉIAS
"Linha de Fuga" é para ouvir e imaginar

ROGÉRIO EDUARDO ALVES
da Redação

"Assistir" a uma peça no escuro. Não conhecer os atores. Passar uma hora ouvindo uma conversa e imaginando: a obra de arte quem faz é o espectador.
"Linha de Fuga" é o novo espetáculo de Alexandre Stockler, que faz parte do projeto "A Obra de Arte Está no Espectador" e estréia hoje no Centro Cultural São Paulo.
Nestes tempos de crescente impessoalidade das relações humanas, os artistas têm procurado novas formas de exigir do espectador. Alcançar seu imaginário, influenciar seu sonho. Tocá-lo de alguma forma.
A original proposta de Stockler leva esse conceito ao teatro. "Estou cansado da relação palco-platéia assim como está", diz. "Não sabemos direito que conceito é esse" -mas ele existe, acredita.
O que se propõe com "Linha de Fuga" é toda uma reformulação da percepção moderna. Sair do "vício" visual, e valorizar outros sentidos, como a audição e o olfato.
A experiência não está relacionada com o chamado "teatro interativo", muitas vezes falso, quando força uma ambientação por algumas horas.
A proposta da peça envolve o mais íntimo do humano: seu imaginário. Nesse sentido, criam-se tantas peças quantas as pessoas na platéia. Cada vez é diferente.
Mas o escuro remete à "cegueira moderna". À "cegueira tecnológica" que domina as relações.
O enredo é simples: duas pessoas que não se conhecem falam ao telefone, fazem sexo pelo telefone e desligam. Eles não se conhecem, nós não os conhecemos. É um "pornô seguro", em tempos tecnológicos.
É como navegar e conversar na Internet, tão solitário quanto, tão escuro quanto. A apresentação da peça está no site www.ruy.com/linhadefuga.


Peça: Linha de Fuga Direção: Alexandre Stockler e Lavínia Pannunzio Quando: de hoje a 20/11, sextas e sábados às 21h30 Onde: Centro Cultural São Paulo, sala 4 (r. Vergueiro, 1.000; tel. 0/xx/11/3277-3611) Quanto: R$ 10

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