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TEATRO - ESTRÉIAS
"Linha de Fuga" é para ouvir e imaginar
ROGÉRIO EDUARDO ALVES
da Redação
"Assistir" a uma peça no escuro.
Não conhecer os atores. Passar
uma hora ouvindo uma conversa
e imaginando: a obra de arte
quem faz é o espectador.
"Linha de Fuga" é o novo espetáculo de Alexandre Stockler, que
faz parte do projeto "A Obra de
Arte Está no Espectador" e estréia
hoje no Centro Cultural São Paulo.
Nestes tempos de crescente impessoalidade das relações humanas, os artistas têm procurado novas formas de exigir do espectador. Alcançar seu imaginário, influenciar seu sonho. Tocá-lo de alguma forma.
A original proposta de Stockler
leva esse conceito ao teatro. "Estou cansado da relação palco-platéia assim como está", diz. "Não
sabemos direito que conceito é esse" -mas ele existe, acredita.
O que se propõe com "Linha de
Fuga" é toda uma reformulação
da percepção moderna. Sair do
"vício" visual, e valorizar outros
sentidos, como a audição e o olfato.
A experiência não está relacionada com o chamado "teatro interativo", muitas vezes falso,
quando força uma ambientação
por algumas horas.
A proposta da peça envolve o
mais íntimo do humano: seu imaginário. Nesse sentido, criam-se
tantas peças quantas as pessoas
na platéia. Cada vez é diferente.
Mas o escuro remete à "cegueira
moderna". À "cegueira tecnológica" que domina as relações.
O enredo é simples: duas pessoas que não se conhecem falam
ao telefone, fazem sexo pelo telefone e desligam. Eles não se conhecem, nós não os conhecemos.
É um "pornô seguro", em tempos
tecnológicos.
É como navegar e conversar na
Internet, tão solitário quanto, tão
escuro quanto. A apresentação da
peça está no site www.ruy.com/linhadefuga.
Peça: Linha de Fuga
Direção: Alexandre Stockler e Lavínia
Pannunzio
Quando: de hoje a 20/11, sextas e
sábados às 21h30
Onde: Centro Cultural São Paulo, sala 4
(r. Vergueiro, 1.000; tel. 0/xx/11/3277-3611)
Quanto: R$ 10
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