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"SHA SHA"
Cantor vai abrir shows dos Strokes nos EUA
Ben Kweller, menino prodígio do pop, abraça a carreira solo
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Em plena histeria grunge, na
primeira metade dos anos 90,
inúmeras bandas surgiam no rastro deixado pelo maior nome do
período, o Nirvana. Não eram
poucas as gravadoras que procuravam a nova galinha dos ovos de
ouro. Um dos alvos foi o Radish,
grupo que nunca chegou a estourar, liderado por um garoto de 16
anos chamado Ben Kweller. Eis
que agora, aos 21, livre de pressões corporativas, ele lança seu
primeiro disco solo, "Sha Sha".
Sem alarde, chama a atenção de
público e crítica com grudentas
canções indie rock -Weezer e
Pavement são as primeiras referências que vêm à tona.
Seu maior fruto é, até agora, o
convite para abrir os shows dos
badalados Strokes, em novembro
nos EUA. Convites, aliás, não são
escassos em sua empreitada solo.
Logo que deixou seu Estado natal,
o Texas, e fixou residência em Nova York, Kweller tornou-se queridinho de veteranos como Juliana
Hatfield e Jeff Tweddy (Wilco).
Virou protegido de Evan Dando
(ex-Lemonheads), um de seus heróis de juventude. Após ouvir algumas gravações de Kweller,
Dando convocou o músico para
uma pequena turnê pelo país.
Enquanto no Radish sua criatividade ficava engessada em uma
sonoridade pós-grunge, no trabalho solo há alto potencial de vôos
mais abrangentes. Apesar do rótulo de garoto prodígio -começou a tocar aos oito anos, apresentou-se pela primeira vez em Reading aos 16- e já estar na segunda etapa da carreira, ele ainda não
se acostumou aos novos rumos.
"Continuo surpreso com a loucura de tudo isso. Há pouco toquei pela primeira vez em países
como Alemanha, Austrália e Japão", diz Kweller em entrevista à
Folha. "Mal posso esperar para
excursionar com os Strokes. Estive em shows em que eles tocaram
para 50 pessoas, no início. Hoje há
mais espaço para a música alternativa nas rádios, e não apenas
Britney Spears e Limp Bizkit."
Ele conta que a mudança do Texas para NY foi decisiva para o
início de sua carreira solo e fim do
Radish. "Comecei a compor músicas muito pessoais, não conseguia compartilhar isso com outras pessoas." "Falling", que encerra o disco e está na trilha do filme "A Herança de Mr. Deeds", é
sobre a saudade de amigos que
deixou para trás.
Particularidades e excentricidades estão em versos como "um asteróide acertou a Terra e acabou
prematuramente com a minha
carreira". Em um EP, Kweller gravou "BK Baby", "homenagem" a
Vanilla Ice. "Não penso muito sobre o significado de certas coisas
que canto. O disco é sobre liberdade, mudança de ares, o nervosismo de morar em uma grande
cidade", explica.
Respondendo à inevitável pergunta sobre possíveis shows no
país, Kweller se empolga. "Minha
namorada é argentina, amo a
América do Sul. Irei para lá em
dezembro e tentarei visitar o Brasil. Quem sabe tocarei aí algum
dia", promete o músico.
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