São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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"SHA SHA"

Cantor vai abrir shows dos Strokes nos EUA

Ben Kweller, menino prodígio do pop, abraça a carreira solo

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Em plena histeria grunge, na primeira metade dos anos 90, inúmeras bandas surgiam no rastro deixado pelo maior nome do período, o Nirvana. Não eram poucas as gravadoras que procuravam a nova galinha dos ovos de ouro. Um dos alvos foi o Radish, grupo que nunca chegou a estourar, liderado por um garoto de 16 anos chamado Ben Kweller. Eis que agora, aos 21, livre de pressões corporativas, ele lança seu primeiro disco solo, "Sha Sha".
Sem alarde, chama a atenção de público e crítica com grudentas canções indie rock -Weezer e Pavement são as primeiras referências que vêm à tona.
Seu maior fruto é, até agora, o convite para abrir os shows dos badalados Strokes, em novembro nos EUA. Convites, aliás, não são escassos em sua empreitada solo. Logo que deixou seu Estado natal, o Texas, e fixou residência em Nova York, Kweller tornou-se queridinho de veteranos como Juliana Hatfield e Jeff Tweddy (Wilco).
Virou protegido de Evan Dando (ex-Lemonheads), um de seus heróis de juventude. Após ouvir algumas gravações de Kweller, Dando convocou o músico para uma pequena turnê pelo país.
Enquanto no Radish sua criatividade ficava engessada em uma sonoridade pós-grunge, no trabalho solo há alto potencial de vôos mais abrangentes. Apesar do rótulo de garoto prodígio -começou a tocar aos oito anos, apresentou-se pela primeira vez em Reading aos 16- e já estar na segunda etapa da carreira, ele ainda não se acostumou aos novos rumos.
"Continuo surpreso com a loucura de tudo isso. Há pouco toquei pela primeira vez em países como Alemanha, Austrália e Japão", diz Kweller em entrevista à Folha. "Mal posso esperar para excursionar com os Strokes. Estive em shows em que eles tocaram para 50 pessoas, no início. Hoje há mais espaço para a música alternativa nas rádios, e não apenas Britney Spears e Limp Bizkit."
Ele conta que a mudança do Texas para NY foi decisiva para o início de sua carreira solo e fim do Radish. "Comecei a compor músicas muito pessoais, não conseguia compartilhar isso com outras pessoas." "Falling", que encerra o disco e está na trilha do filme "A Herança de Mr. Deeds", é sobre a saudade de amigos que deixou para trás.
Particularidades e excentricidades estão em versos como "um asteróide acertou a Terra e acabou prematuramente com a minha carreira". Em um EP, Kweller gravou "BK Baby", "homenagem" a Vanilla Ice. "Não penso muito sobre o significado de certas coisas que canto. O disco é sobre liberdade, mudança de ares, o nervosismo de morar em uma grande cidade", explica.
Respondendo à inevitável pergunta sobre possíveis shows no país, Kweller se empolga. "Minha namorada é argentina, amo a América do Sul. Irei para lá em dezembro e tentarei visitar o Brasil. Quem sabe tocarei aí algum dia", promete o músico.


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