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CRÍTICA BALÉ
Genial e comovente, "mito" Baryshnikov se reinventa aos 62
O bailarino e Ana Laguna emocionam e divertem o público com o espetáculo "Três Solos e um Dueto"
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
"Três Solos e um Dueto",
com Mikhail Baryshnikov e
Ana Laguna, espetáculo
apresentado no teatro Alfa,
em São Paulo, na terça e na
quarta passadas, pode ser
visto como a síntese do que a
dança conseguiu alcançar ao
longo do século 20.
Natural da Letônia,
Baryshnikov é dos poucos
mitos sobreviventes do balé
clássico, com sua épica história de deserção da União Soviética, em 1974.
Contudo, aos 62 anos, ele
sobrevive no palco graças ao
próprio processo de adequação, primeiro à dança moderna, depois à contemporânea,
caminho que poucos artistas
conseguiram trilhar com tanta desenvoltura.
Nesse sentido, é um tanto
estranho que o programa
apresentado tenha início
com o solo "Valse-Fantasie",
do coreógrafo russo Alexei
Ratmansky.
Quase pantomímico, o solo faz referências à sua terra
natal, mas é como se dentro
do bailarino os três gêneros
da dança que ele percorreu
brigassem entre si.
Contudo, as outras três peças compensam esse trôpego
começo. "Solo for Two", com
a espanhola Ana Laguna, 54,
e a discreta participação de
Baryshnikov, é simples e
emocionante.
A bailarina foi durante décadas estrela do sueco Cullberg Ballet, com direção de
seu marido, Mats Ek, que
também coreografa "Solo for
Two". Na peça, por meio de
uma movimentação orgânica e com pequenas ironias,
ela preenche o palco de forma comovente.
Já "Years Later", em que
Baryshnikov aparece dançando com uma projeção de
si mesmo, em sua fase de absoluto vigor físico, com seus
impressionantes saltos, aos
17 anos, é genial.
É nesse momento que se
vê como a superação da técnica permitiu que todo e
qualquer movimento do corpo pudesse ser considerado
dança.
Com seu carisma e a comoção da plateia frente ao mito,
Baryshnikov alcança, na maturidade, uma impressionante reinvenção de si próprio
com a coreografia criada por
Benjamin Millipied.
Finalmente, o espetáculo,
que ainda segue para Porto
Alegre (no dia 27/10), Rio de
Janeiro (nos dias 29/10 e 31/
10), Brasília (4/11) e Manaus
(14/11 e 15/ 11), termina com o
duo "Place", também coreografado por Ek.
A trilha de Peder Freiij pede distintas energias, dando
a cada um possibilidades de
explorar diferentes evoluções, seja em situações ternas, seja em momentos explosivos. Eles pulam sobre
uma mesa, jogam-se debaixo
de um imenso tapete, simulam tocar instrumentos.
Já "Place" traz dois artistas
que alcançaram o Olimpo e,
agora, podem se divertir. E,
com eles, todo o público.
TRÊS SOLOS E UM DUETO
AVALIAÇÃO ótimo
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