São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2010

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34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

CRÍTICA COMÉDIA

"Turnê" é fábula pós-feminista de Amalric

Ator de "O Escafandro e a Borboleta", premiado como diretor em Cannes, demonstra virtudes sólidas atrás da câmera

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

De todos os prêmios concedidos no último Festival de Cannes, o mais contestado foi o de melhor diretor a Mathieu Amalric por "Turnê". Não há discussão sobre a excelência do francês como intérprete, em filmes díspares como "O Escafandro e a Borboleta" (2007) e "Quantum of Solace" (2008).
Mas, para uma parcela dos críticos em Cannes, ele ainda não estaria maduro como diretor, apesar de já ter feito sete curtas e três longas. Eles só têm razão em parte.
Amalric talvez ainda não tenha definido uma personalidade como cineasta, mas demonstra virtudes sólidas em "Turnê": noção de "mise-en-scène", capacidade de dar um tom documental à sua narrativa ficcional e, sobretudo, excelente trabalho de direção de atores.
Ele é também o protagonista, um produtor que contrata para uma turnê pela França um grupo de artistas americanas do "novo burlesco", que repaginou os velhos números musicais e de striptease com uma atitude mais punk e feminista.
No filme, elas são interpretadas por cantoras e dançarinas reais de nomes como Mimi Le Meaux e Dirty Martini. Amalric consegue tirar delas interpretações frescas, espontâneas, apesar de não lidar com atrizes prontas.
E está brilhante como o produtor que vê na turnê uma chance de dar a volta por cima, mas enfrenta o ódio da ex-mulher e dos antigos sócios e a falta de um palco para um show em Paris.
O filme contrapõe a fragilidade do empresário em crise com a liberdade das voluptuosas artistas. Mas Amalric cria uma fábula pós-feminista (e, ao mesmo tempo, uma ode a uma arte menosprezada), na qual o produtor e suas contratadas se unem para criar um novo arranjo familiar, para que o show possa continuar.

TURNÊ

DIREÇÃO Mathieu Amalric
QUANDO hoje, às 19h40, e amanhã, às 22h, no Reserva Cultural; domingo, às 22h, no Espaço Unibanco; e segunda (25), às 21h50, no Unibanco Arteplex
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
AVALIAÇÃO bom


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