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Os alquimistas estão chegando
Com sua química de rock rápido, dance music e deboche, a banda americana We Are Scientists encabeça as atrações do Nokia Trends, que começa no sábado
LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não pergunte a razão de a
banda americana We Are
Scientists se chamar "nós somos cientistas", porque a resposta é boba, piada interna.
Mas é fato que esse trio de
nerds, expoente do novo rock e
boa atração do festival paulistano Nokia Trends, conseguiu a
alquimia de transformar em
ouro a música que tem como
composto químico o rock rápido, a dance music e o deboche.
E tal mistura, ao vivo, como será possível ver no sábado no
Anhembi, causa combustão.
É a primeira vez que o grupo
de amigos californianos, que
escolheu Nova York para fazer
música, vem ao Brasil. Normal
para uma banda que teve seu
primeiro disco em grande gravadora lançado no começo do
ano, nos EUA. Nada normal para uma banda nova como essa
cujo CD não foi (nem deve ser)
lançado aqui, não toca nas rádios daqui, não passa na MTV
daqui e que ainda assim teve
três convites para tocar no Brasil nos últimos seis meses.
"Pensamos: se querem tanto
que a gente vá tocar aí, ok. Vamos, então", disse à Folha, por
telefone, de Londres, o vocalista e guitarrista Keith Murray.
Trio da Califórnia que mora em
Nova York falando de Londres
e prestes a vir tocar no Brasil
-essa é a medida global do que
vem acontecendo com a banda
desde que lançou o disco que
tem na capa seus integrantes
segurando três gatinhos. O CD,
"With Love and Squalor", carrega pelo menos quatro hits
-"Nobody Move, Nobody Get
Hurt", "Great Escape" e "It's a
Hit"-, canções de estrondoso
sucesso em downloads no
MySpace, no YouTube, em trilha de games e em seriados de
TV americanos.
"Alguém me avisou que o álbum não foi lançado no Brasil.
Perguntei se a internet era bastante usada por aí. Disseram
que sim. Então eu disse: "É o
que basta'", falou Murray. O
show que chega ao Brasil causou tumulto pela Europa no último mês. Da segunda quinzena de outubro para cá, foram
cerca de 30 apresentações, sendo 20 no Reino Unido, com
com ingressos esgotados.
"Os britânicos nos adotaram,
por algum motivo. Eles passam
uma energia nos nossos shows
que chega a nos assustar. Às vezes, olho para nós no palco para
ver se não somos na verdade o
Oasis", brinca o líder do WAS.
Fora do controle
Antes de ficar conhecida em
Nova York, a banda passou a tocar na Radio One, da BBC inglesa. Quando o Arctic Monkeys
virou fenômeno e arrastou
multidões na Inglaterra, levou
também o We Are Scientists
para abrir seus shows. "Quando
percebemos, a coisa tinha saído
do controle. Antes de o disco
ser lançado nos EUA, um belo
dia, tocou o telefone. Era David
Letterman nos convidando a ir
ao programa dele. Depois, surgiu um convite para tocarmos
em Ibiza [um dos templos da
música eletrônica]. Nessas ocasiões, sempre acho que é alguém gozando da nossa cara."
Murray demonstra interesse
não só em tocar em São Paulo
como em dar uma volta pela cidade. "Já nos recomendaram
sair em São Paulo à noite. Tentaremos ir a algum clube. Aquele CSS [Cansei de Ser Sexy] é
daí, não? Eles estão se tornando populares nos EUA e no Reino Unido. Gosto deles."
Sobre a razão do nome We
Are Scientists, é o seguinte: numa devolução de carro numa
empresa de aluguel de veículos,
um inspetor checando se estava tudo certo e olhando os três
ocupantes nerds, todos de camisa para dentro da calça e
sweaters, perguntou, do nada:
"Vocês são cientistas?".
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