São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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Os alquimistas estão chegando

Com sua química de rock rápido, dance music e deboche, a banda americana We Are Scientists encabeça as atrações do Nokia Trends, que começa no sábado

LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não pergunte a razão de a banda americana We Are Scientists se chamar "nós somos cientistas", porque a resposta é boba, piada interna.
Mas é fato que esse trio de nerds, expoente do novo rock e boa atração do festival paulistano Nokia Trends, conseguiu a alquimia de transformar em ouro a música que tem como composto químico o rock rápido, a dance music e o deboche. E tal mistura, ao vivo, como será possível ver no sábado no Anhembi, causa combustão.
É a primeira vez que o grupo de amigos californianos, que escolheu Nova York para fazer música, vem ao Brasil. Normal para uma banda que teve seu primeiro disco em grande gravadora lançado no começo do ano, nos EUA. Nada normal para uma banda nova como essa cujo CD não foi (nem deve ser) lançado aqui, não toca nas rádios daqui, não passa na MTV daqui e que ainda assim teve três convites para tocar no Brasil nos últimos seis meses.
"Pensamos: se querem tanto que a gente vá tocar aí, ok. Vamos, então", disse à Folha, por telefone, de Londres, o vocalista e guitarrista Keith Murray. Trio da Califórnia que mora em Nova York falando de Londres e prestes a vir tocar no Brasil -essa é a medida global do que vem acontecendo com a banda desde que lançou o disco que tem na capa seus integrantes segurando três gatinhos. O CD, "With Love and Squalor", carrega pelo menos quatro hits -"Nobody Move, Nobody Get Hurt", "Great Escape" e "It's a Hit"-, canções de estrondoso sucesso em downloads no MySpace, no YouTube, em trilha de games e em seriados de TV americanos.
"Alguém me avisou que o álbum não foi lançado no Brasil. Perguntei se a internet era bastante usada por aí. Disseram que sim. Então eu disse: "É o que basta'", falou Murray. O show que chega ao Brasil causou tumulto pela Europa no último mês. Da segunda quinzena de outubro para cá, foram cerca de 30 apresentações, sendo 20 no Reino Unido, com com ingressos esgotados.
"Os britânicos nos adotaram, por algum motivo. Eles passam uma energia nos nossos shows que chega a nos assustar. Às vezes, olho para nós no palco para ver se não somos na verdade o Oasis", brinca o líder do WAS.

Fora do controle
Antes de ficar conhecida em Nova York, a banda passou a tocar na Radio One, da BBC inglesa. Quando o Arctic Monkeys virou fenômeno e arrastou multidões na Inglaterra, levou também o We Are Scientists para abrir seus shows. "Quando percebemos, a coisa tinha saído do controle. Antes de o disco ser lançado nos EUA, um belo dia, tocou o telefone. Era David Letterman nos convidando a ir ao programa dele. Depois, surgiu um convite para tocarmos em Ibiza [um dos templos da música eletrônica]. Nessas ocasiões, sempre acho que é alguém gozando da nossa cara."
Murray demonstra interesse não só em tocar em São Paulo como em dar uma volta pela cidade. "Já nos recomendaram sair em São Paulo à noite. Tentaremos ir a algum clube. Aquele CSS [Cansei de Ser Sexy] é daí, não? Eles estão se tornando populares nos EUA e no Reino Unido. Gosto deles."
Sobre a razão do nome We Are Scientists, é o seguinte: numa devolução de carro numa empresa de aluguel de veículos, um inspetor checando se estava tudo certo e olhando os três ocupantes nerds, todos de camisa para dentro da calça e sweaters, perguntou, do nada: "Vocês são cientistas?".


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