São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006 |
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Rocky e Rambo voltam sessentões
Aos 60, Stallone interrompe aposentadoria de 16 anos do lutador de boxe e se prepara para filmar quarto longa do ex-soldado
ALLISON HOPE WEINER DO "NEW YORK TIMES", EM LOS ANGELES Quando Sylvester Stallone começou a falar sobre a idéia de encerrar os 16 anos de aposentadoria de Rocky Balboa e produzir o sexto filme da série, até sua mulher previu humilhações. Dirigentes de estúdios alegaram que, aos 60, o ator não era exatamente uma grande atração para audiências jovens. "Diziam que era loucura querer trazer a época desses filmes de volta", diz Stallone. "Eu só achava que tive muito a lamentar nos últimos 15 anos e que precisava eliminar o motivo de ao menos um desses arrependimentos." Assim, foi em frente quando o Revolution Studios formou parceria com a MGM para produzir "Rocky Balboa", ainda que soubesse que o filme sobre um campeão de boxe decadente que insiste em arriscar a sorte num esporte reservado aos mais jovens se tornaria uma inevitável metáfora sobre a decadência de sua carreira. "Um artista morre duas vezes, e a segunda morte é a mais fácil", diz o ator sobre sua queda no mercado de Hollywood. "A morte artística é extremamente difícil de assimilar." Com lançamento marcado para 22 de dezembro nos EUA (no Brasil, a estréia está prevista para 9 de fevereiro), o filme escrito, dirigido e estrelado por Stallone fala da necessidade de extrair a última gota de um talento que um dia foi grande. Mais ou menos no mesmo espírito, Stallone, que não tem boas bilheterias desde o modesto sucesso de "Cop Land", em 1997, concordou em retomar o papel do irascível veterano do Vietnã, John Rambo, outro personagem que marcou sua carreira, em "Rambo 4", a ser produzido em algum momento dos próximos dois anos. Ao ressuscitar personagens de décadas atrás (o primeiro "Rocky" é de 1976), Stallone talvez atraia o apoio da geração "baby boom" (os americanos nascidos entre 46 e 64), que, como ele, reluta em deixar o palco. Mas a aposta o deixa em posição exposta. "Ganhamos um Oscar por "Rocky", e isso representou muito", diz Irwin Winkler, produtor do filme original e produtor-executivo do novo. "Mesmo após concluirmos que o novo filme é bom, estamos preocupados com a chance de virar alvo fácil para piadas." Chances Em "Rocky Balboa", Stallone tenta atenuar, com humor e senso crítico, o absurdo de um embate entre um boxeador do passado e um jovem campeão. "Eles brincam com a idéia de que ele é um velho tentando retomar a carreira, e isso funciona", diz Peter Sealey, ex-executivo de cinema e agora professor de marketing na Universidade da Califórnia. "Acredito que o filme tenha chances." Stallone buscou ampliar a audiência de Rocky recorrendo à mídia virtual. Balboa é atraído ao ringue após um programa de esportes exibir uma luta digital entre ele e o campeão Mason (the Line) Dixon. "É a idéia da tecnologia misturada a de um sujeito humilde enfrentando os poderosos", avalia Sealey. Stallone reconhece que havia poucos projetos para ele antes de "Rocky Balboa". Mas não estava pronto para o ostracismo. "Pessoas da minha idade são consideradas obsoletas, mas ainda temos algo a dizer." Tradução PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: História: Biógrafos de Mao fazem palestra hoje Próximo Texto: Coleção Pirelli/Masp explora fotografias de paisagens diversas Índice |
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