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CRÍTICA
Conflito prefere o humano ao político
"Solo voy con mi pena/ Sola va mi
condena/ Correr es mi destino/ Para
burlar la ley/ Perdido en el corazón/
De la grande Babylon/ Me dicen el
clandestino/ Por no llevar papel"
O cantor francês Manu Chao, na
música "Clandestino"
DA REPORTAGEM LOCAL
A câmera cambaleia pela
mata, na fronteira do México
com os EUA. O que a lente tenta
acompanhar é a desabalada carreira de um grupo de clandestinos. Às cegas, o bando de mexicanos segue instruções de traficantes de imigrantes que os colocam
brutalmente dentro de uma perua. São compatriotas, mas isso
não os faz solidários. Cobram pelo transporte para a terra prometida e não hesitam em roubar e
abusar dos fugitivos.
As cenas iniciais de "Pão e Rosas" dão a medida do pesadelo
que se avizinha no novo território. Mas a mesma lente que segue
o desespero dos imigrantes ao se
depararem com os horrores da
segregação étnica e econômica
nos EUA também os trata com
humor e romantismo.
As irmãs Maya e Rosa tomam
posições que refletem as contradições de sua situação. Rosa não admite a sindicalização e quer garantir o sustento dos seus e nada
mais. Para ela, os poderosos serão
sempre poderosos. Deve-se agarrar às migalhas que sobram desse
rico universo e fazer disso uma
existência.
Maya é idealista e quer mudar o
mundo, anarquizando a vida dos
patrões em seu primeiro dia de
trabalho. O embate final entre as
duas é o ponto alto do filme, um
clímax cheio de angústia e ressentimento.
O conflito das irmãs, a paixão
do ativista sindical branco, a evolução das relações entre os membros do grupo de faxineiros e o
fortalecimento de suas posições
pessoais -às vezes discordantes-, mais do que o crescimento
de todos como um corpo com interesses únicos, é o que faz o cinema de Loach mais humano do
que político.
Pão e Rosas
Bread and Roses
Direção: Ken Loach
Produção: Reino Unido/França/Espanha/Suíça, 2000
Com: Pilar Padilha, Adrien Brody
Quando: a partir de hoje no Top Cine
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