São Paulo, terça, 22 de dezembro de 1998

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MEMÓRIA
Biblioteca Nacional reabre seu Arquivo Sonoro, um acervo informatizado com 220 mil peças, incluindo manuscrito de 1490
Rio volta a ouvir os sons da história

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

Composições de nomes fundamentais da música brasileira, como Villa-Lobos, Carlos Gomes, Noel Rosa, Pixinguinha e Tom Jobim, já podem ser consideradas preservadas, tanto em partituras de papel como em gravações.
Isso porque hoje, quando a Biblioteca Nacional reabrir a Dimas (Divisão de Música e Arquivo Sonoro), estará ingressando definitivamente na era da informática.
Serão colocados à disposição do público oito terminais de computador para pesquisa, partituras digitalizadas, consulta às fichas catalográficas por meio de banco de dados multimídia, novo equipamento para audição do acervo sonoro, além de uma página na Internet (info.lncc.br/dimas).
"O papel, se observadas as condições ideais de conservação, é eficiente para a preservação de registros. Mas é inevitável que sofra o desgaste do tempo e do manuseio. Por isso o acesso ao acervo da Biblioteca Nacional era limitado. Com os dados digitais, haverá democratização de informações", diz a coordenadora do acervo especializado da instituição, Georgina Staneck.
Ela coordena o Projeto de Automação do Acervo da Dimas, que funciona no Palácio Capanema (centro do Rio) e esteve fechada por seis meses para reformas.
Segundo a coordenadora, a Biblioteca Nacional possui um dos maiores arquivos musicais, em qualidade, da América Latina.
São 220 mil peças que abrangem música erudita e popular de diferentes estilos e épocas e de autores nacionais e estrangeiros.
O patrimônio da Dimas foi formado inicialmente pelas coleções da Real Biblioteca portuguesa e de Teresa Cristina Maria de Bourbon (1822-1889), terceira imperatriz do Brasil, com edições de Haydn, Mozart, Beethoven e outros compositores dos séculos 18 e 19.
Entre as obras mais raras, segundo Georgina, está o manuscrito em pergaminho "Intróito do Domingo da Quinquagésima Gradual", datado de 1490.
Atualmente, seu acervo de música brasileira é constituído de obras de compositores como Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno, Villa-Lobos, padre José Maurício, Chiquinha Gonzaga, Noel Rosa, Pixinguinha e Tom Jobim, entre outros.
A coleção de discos contém 30 mil peças: CDs, discos de 78 e 33 rotações por minuto, fitas cassete e de rolo, com gravações nacionais e estrangeiras.
No Projeto de Automação do Acervo da Dimas, iniciado no final de 1994 e ainda não concluído, foi implantado o arquivo MIDI (digitalização das partituras), no qual o sistema MIDI (Musical Instrument Digital Interface) permite ao usuário visualizar a reedição de uma partitura e ouvir sua reprodução por meio de sintetizadores que simulam os seus instrumentos.
A biblioteca tem 3.148 partituras manuscritas originais, das quais 10% já foram digitalizadas.
O banco de imagens da Dimas, também implantado pelo projeto, é uma biblioteca digital composta por manuscritos originais escaneados, o que possibilita a visualização da imagem da própria partitura, e não uma reedição da partitura como no sistema MIDI.
Ainda estarão disponíveis CD-ROMs trazendo biografias de compositores, fotos, músicas e fatos relevantes da história da música brasileira.



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