São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2001

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Medina diz que quarta edição será menor

DO ENVIADO AO RIO

O quarto Rock in Rio será um terço menor em termos de atrações musicais. A decisão de Roberto Medina é uma das poucas mudanças que o criador do maior festival de música do país dá como certa para a próxima edição. "Cem bandas é um número espetacular; você consegue focar melhor e tem um estresse menor."
Para ele, a terceira edição consagrou um formato bem-sucedido -sete dias de duração, dois finais de semana e três dias de intervalo para reparos.
O festival continuará celebrando a diversidade. Mas uma coisa é certa: o rap terá melhor acolhida. "É preciso acabar com a imagem de que o fã de rap cria problemas; falou-se muito isso sobre os metaleiros, e eu nunca tive problemas com eles, nem em 85 nem agora."
O Rock in Rio será realizado a cada dois anos e tem pelo menos mais duas edições asseguradas. Nas entressafras, a Cidade do Rock passa a abrigar shows internacionais e eventos como o Festa no Interior, megafesta junina sob curadoria do cantor Xororó.
Em entrevista à Folha, Medina faz um balanço do festival.
(ISRAEL DO VALE)

Folha - O Rock in Rio foi uma boa ação ou um bom negócio?
Roberto Medina
- As duas coisas. As empresas que se incorporaram a ele ganharam dinheiro e fizeram uma boa ação. O público pagou por um ingresso e viu um bom show. Eu fiz uma boa ação e espero ter ganhado dinheiro. Só é bom quando todos ganham. Havia uma hipocrisia nessa coisa da filantropia. A gente escancarou. Não tem filantropia nem ajuda. Só é boa ação se for bom negócio.

Folha - Qual sua estimativa de lucro com o festival?
Medina -
Alguma coisa entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões.

Folha - E quanto vai ser repassado para a Unesco e o Viva Rio?
Medina -
Em torno de R$ 3 milhões, 70% para o Viva Rio e 30% para a Unesco.

Folha - Houve uma grande decepção com o império do playback na noite teen. Você incluiria uma cláusula no contrato nas próximas edições proibindo esse tipo de coisa?
Medina -
O show que o "NSync e a Britney Spears fizeram é o mesmo que eles fazem no mundo inteiro. Eles só cantam assim. Quando estão parados, cantam de verdade. Quando estão dançando, eles têm um som igual por trás porque não conseguem segurar. Você não pode contratar uma banda que é um dos maiores sucessos do mundo e dizer para fazer diferente do que faz nos EUA. Não é um playback, é um apoio para quem dança e pula muito.

Folha - E o episódio Carlinhos Brown? Ele disse que não se arrependeu de estar naquela noite. Você também?
Medina -
Ele se escalou para aquela noite. Minha observação é que, se ele só tocasse, o show ia acabar legal, mas ele quis falar. Foi uma decisão dele, eu respeito.

Folha - Você o convidaria de novo para o Palco Mundo?
Medina -
Convidaria. É só uma questão de a gente debater um pouquinho mais qual é o dia.

Folha - As bandas do Grupo dos Seis são bem-vindas ao Rock in Rio?
Medina -
Lógico. Aquilo foi um desentendimento. Foram erros de parte a parte. O festival é um negócio grande, complexo. O "timing" da produção não é o da expectativa do grupo. As pessoas se estressam. Isso é natural.

Folha - Quais os grupos que você gostaria de ver na próxima edição?
Medina -
Phil Collins, Eric Clapton, Rush, Aerosmith, Santana, Mark Knopfler, The Who.


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