São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2001

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CINEMA


Pré-estréia reuniu diretora, atores e especialistas

Debate analisa longa "Brava Gente Brasileira", de Lúcia Murat



DA REPORTAGEM LOCAL

Em cartaz nos cinemas brasileiros, o terceiro longa-metragem da cineasta Lúcia Murat, "Brava Gente Brasileira", foi tema de debate promovido pela Folha e pelo Espaço Unibanco, no último dia 15, na pré-estréia do filme em São Paulo.
"Ele está entre os grandes filmes brasileiros sobre índios", disse a antropóloga e fundadora do Instituto de Antropologia e Meio Ambiente, Betty Mindlin, que participou da mesa de discussões, ao lado da diretora Lúcia Murat, da professora de montagem, cinema e vídeo na ECA/USP e presidente do Fórum Brasileiro de Ensino do Cinema e Audiovisual, Maria Dora Mourão, e dos atores Sérgio Mamberti e Diogo Infante. José Geraldo Couto, articulista da Folha, mediou o debate.
""Brava Gente" é impiedoso com os colonizadores, sem ser maniqueísta. O filme mostra aspectos da cultura dos índios com as quais não podemos concordar, como a prática do infanticídio e as relações de vassalagem", analisou Betty.
A professora Dora Mourão disse que o longa "é importante como obra e pelo que vai passar a representar na fase de retomada do cinema brasileiro".
Dora afirmou que, "ao abordar questões próprias da história do país", o filme faz um contraponto a "muitas produções que imitam modelos, usam a estrutura narrativa das novelas ou atores famosos para chamar público".

Aparvalhado
O ator português Diogo Infante acompanhou a exibição realizada antes do debate e, na mesa, disse: "Ainda estou meio aparvalhado, porque é a primeira vez que vejo o filme. Tenho muito orgulho de ter participado dele".
Lúcia Murat destacou que com "Brava Gente Brasileira" viveu "a experiência de um filme-processo", cuja "costura" se fez no relacionamento com a comunidade indígena Kadiwéu, que atua no longa. A cineasta respondeu a diversas questões dirigidas pela platéia, sobretudo a respeito do relacionamento com a tribo e a imagem dos índios apresentada pelo filme.
"Brava Gente Brasileira" acompanha a trajetória de um cartógrafo português (interpretado por Diogo Infante) que viaja ao Pantanal mato-grossense no século 18 e se vê envolvido no conflito entre os colonizadores portugueses e a tribo nativa dos guaicurus. Os kadiwéus, que vivem atualmente na região do Pantanal, são descendentes dos guaicurus.


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