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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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PERSONALIDADE

Enterro da viúva de Cartola teve como trilha o hino da escola de samba; governadora decreta três dias de luto

Dona Zica, da Mangueira, morre aos 89

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Uma das fundadoras da mais popular escola de samba do Rio, a Estação Primeira de Mangueira, Eusébia Silva de Oliveira, 89, a dona Zica, morreu na manhã de ontem em sua casa na Mangueira (zona norte do Rio), a poucos metros da quadra da escola.
Zica, viúva do compositor Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980), morreu dormindo. A família não informou a causa da morte. Há um ano, a saúde de dona Zica vinha se agravando em consequência de problemas cardíacos e diabetes. Desde 2002, ela tinha sido internada pelo menos quatro vezes e tomava diariamente 12 remédios diferentes. Em virtude dos problemas de saúde, dona Zica chegou a sofrer crises de depressão.
O neto Pedro Paulo Nogueira, 42, contou que, por volta das 8h, sua mãe, Glória Regina (filha de Zica) chamou Zica porque estava na hora de tomar um remédio. A avó não respondeu. "Fizemos de tudo. Chamamos os médicos, que tentaram reanimá-la, mas não conseguiram", disse.
Dona Zica completaria 90 anos no próximo dia 6. Na data, ela lançaria seu primeiro livro sobre culinária -"Dona Zica, Tempero, Amor e Arte". Ela deixou dois filhos, dois netos e dois bisnetos.
Como era de sua vontade, o corpo de Zica foi velado na quadra da Mangueira, que recebeu cerca de 400 pessoas. Entre elas, autoridades como a ministra da Assistência e Promoção Social e ex-governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), e o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL).
Estiveram presentes personalidades do samba, como as cantoras Alcione, Leci Brandão e Beth Carvalho. O ex-jogador Pelé enviou uma coroa de flores.
No velório, canções de Cartola foram cantadas, entre elas "As Rosas Não Falam". No fim, houve queima de fogos e exibição da bateria da escola de samba mirim Mangueira do Amanhã.
O enterro ocorreu no cemitério do Caju (zona norte). Escolas de samba como Portela, Império Serrano, Imperatriz Leopoldinense e Salgueiro enviaram representantes. Zica foi enterrada ao som de "Exaltação à Mangueira", hino da escola criado na década de 30.
A governadora Rosinha Matheus (PSB) decretou três dias de luto. Cesar Maia anunciou que pretende homenagear Zica dando seu nome a uma avenida.
O presidente da Mangueira, Álvaro Luiz Caetano, disse que, para 2004, a escola poderá realizar um enredo sobre a vida de Zica.
Zica nasceu no bairro da Piedade (zona norte), mas, aos 3 anos, mudou para a Mangueira.


Colaborou Talita Figueiredo


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