São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

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CINEMA/ESTRÉIA

Aos 19 anos, atriz revelação de "Encontros e Desencontros" é provável indicada para o Oscar e já ambiciona tornar-se diretora

Johansson promete chacoalhar Hollywood

DO "INDEPENDENT"

Quem ouve Scarlett Johansson falar não imagina que ela tenha apenas 19 anos. Não é tanto questão de como ela fala -na verdade seu discurso, pontuado por frequentes "like" e ocasionais "you know", não difere muito daquele de qualquer jovem sofisticada, bem instruída, de alta classe média, criada em Nova York por pais bem de vida (seu pai é arquiteto de origem dinamarquesa).
É sua voz em si, um contralto muito rouco, que se ouve como a de alguém muito mais velha do que seu rosto, com sua pele de açúcar de confeiteiro. Chega-se a pensar que ela tenha fumado muitos cigarros e bebido muito uísque para ficar com a voz desse jeito (ela fuma, sim, mas quanto ao uísque, não sei). "Simplesmente apareceu quando comecei a falar", ela explica. "Abri a boca e minha voz já saiu assim."
Em "Encontros e Desencontros", Johansson faz o papel de Charlotte, uma estudante universitária casada e irrequieta, de pouco mais de 20 anos, que mais ou menos se apaixona por Bob, um ator de cinema decadente representado por Bill Murray, em Tóquio. A expectativa é que ela receba uma indicação para o Oscar ou por esse filme ou por "Girl With a Pearl Earring", em que ela faz uma criada tímida, no século 17, que vira musa do pintor Jan Vermeer e, também, a modelo usada na tela que dá título ao filme.
A Charlotte que ela representa em "Encontros e Desencontros" é uma garota irônica, saída de uma faculdade particular cara e que, depois de formar-se em filosofia, ainda não sabe o que vai querer fazer em termos de trabalho. Ela já tentou a fotografia, mas, após ver decolar a carreira de seu marido, um fotógrafo famoso (Giovanni Ribisi), desistiu da idéia.
É fácil enxergar um paralelo entre Charlotte e Sofia Coppola. Quando indagada sobre semelhanças, repete a versão "oficial". "Já me perguntaram antes se eu represento Sofia, e eu jamais diria isso", resmunga.
Scarlett não é muito reservada, mas isso não quer dizer que ela não tome cuidado com o que diz. "Acho que, a cada experiência profissional, descobri algo novo sobre mim mesma", diz ela, mas explica que atuar sempre foi algo mais ou menos natural para ela. "O processo já virou familiar. Outro dia entrei num set e notei que sabia exatamente onde ir, exatamente o que estava acontecendo, e isso para mim é puro deleite." Em dado momento, quando lhe contam que Coppola afirmou que o filme inteiro foi rodado em seqüência, ela diz que "Sofia Coppola é uma mentirosa e tanto". Ela se nega a falar mais sobre o assunto e faz questão de dar seu apoio ao filme.
Johansson não está namorando no momento. "Na verdade, estou solteira pela primeira vez desde que passei pela puberdade", deixa escapar. Indagada se ela teria um caso com um homem mais velho, a atriz faz uma careta. "Namorar uma pessoa com uma diferença de idade muito grande seria estranho. Acho que dá para ter um namoro curto, mas não imagino que ele possa durar."
Depois de um ano tão agitado, Scarlett Johansson está tirando tempo para fazer coisas como decorar sua casa nova em Los Angeles e curtir sua nova BMW Z4. E, aparentemente como toda atriz jovem de hoje em dia, ela pretende dirigir um filme ela própria em breve, talvez ainda este ano.


Tradução Clara Allain

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