São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 2011

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Mônica Bergamo

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Top 30

Umas das modelos mais bem pagas do mundo, Alessandra Ambrósio diz que se sente insegura desfilando de lingerie e que nunca quis ser Gisele

Fotos Leticia Moreira/Folhapress
Alessandra Ambrósio e a filha Anja,em Florianópolis

De vestidinho branco com uma flor nos cabelos loiros, Anja, dois anos, atende à campainha do apartamento ao lado da tia, Aline. A porta se abre e ela corre, gritando: "Mami!". "Acordei agora. Se importa se eu tomar um café?", diz a "mami" Alessandra Ambrósio, 29, de vestido branco Isabel Marant e sandálias rasteiras Cris Barros à repórter Lígia Mesquita.

 

A garotinha começa a falar da princesa Rapunzel e dá piruetas. "Ontem foi a primeira vez que levei minha filha ao cinema. Fomos ver o filme da Rapunzel e ela nem piscava", conta a sexta top mais bem paga do mundo, segundo a revista "Forbes".

 

É quarta-feira e Alessandra curte dias de folga em seu apartamento na praia Brava, em Florianópolis (SC). Pega uma xícara grande de café, coloca um pouco de açúcar e morde um pão de queijo. "Comprei um apartamento em Floripa aos 17, com a primeira grana que ganhei como modelo. Aqui só escuto o barulho do mar e da chuva. É o melhor lugar para relaxar" diz. Ela trabalha desde os 15.

 

Há dez anos a supermodelo é uma das "angels" (anjo, em inglês) da famosa marca americana de lingerie Victoria's Secret. Por conta de seu contrato com a grife, três meses após o nascimento de Anja, ela estava na passarela, de calcinha e sutiã. Para isso, lembra, teve que, pela primeira vez na vida, fazer uma dieta para emagrecer os 25 kg que ganhou na gravidez. "Foi a pior coisa que fiz na vida. Adoro comer coisas gostosas", diz. "Fiz uma dieta saudável, sem pão e açúcar, e malhei com personal [trainer]. Acabei emagrecendo até um pouco mais."

 

Um tabloide inglês especulou que ela estaria anoréxica. "Sempre fui saudável. E estava superfeliz com meu corpo. Se fosse assim, a Angelina Jolie seria anoréxica pelo que sai nas revistas."

 

Em abril, Ale, como é chamada pela família e pelos amigos, vira balzaquiana. "Uma coisa é chegar aos 30 batalhando para ter alguma coisa. Eu tenho uma filha, uma carreira, uma casa. Agora é continuar", diz ela, que há quatro anos namora o pai de Anja, o empresário americano Jamie Mazur, a quem só chama de "noivo". "Um dia vamos nos casar."

 

Os anos a mais a fizeram gostar mais do seu corpo. "Antigamente, eu só malhava para o desfile e não fazia nada o resto do ano. Hoje faço ioga e pilates regularmente." Acha que está bem, é "agradecida ao corpo que Deus me deu", mas também se diz "insegura". "Passam várias meninas na minha frente e eu digo: como queria ter uma bunda assim. Coisa de mulher. Sempre queremos o que a gente não tem."

 

Anja interrompe a mãe, que está sentada em um sofá de palha com almofadas brancas. Quer mostrar uma música que ela fez. Começa a cantar e depois pula no colo de Alessandra. A top fala que está preocupada correndo atrás de uma escola para a garota, em Los Angeles. "É preciso avaliar o método de estudo, as atividades, a limpeza, o local, tudo", diz. Para dar conta da criação de Anja, ela tem a ajuda do noivo, de uma babá brasileira e da família. "Por causa do trabalho perdi momentos importantes como os primeiros dentinhos que nasceram. Mas, quando estou de folga, fico presente o tempo todo. Nos divertimos muito juntas."

 

A alegria, ela acredita, é uma das características mais marcantes das modelos brasileiras, fora a sensualidade e "um sal a mais". "É algo que só as brasileiras têm. O Brasil tem as mulheres mais lindas", avalia.

 

O sucesso mundial da geração de modelos brasileiras da qual faz parte, reconhece, deve muito a Gisele Bündchen. "Ela foi a pioneira, abriu as portas do mundo para nós. Só temos a agradecer. Mas nunca quis ser a Gisele. Eu sou a Alessandra Ambrósio."

 

No próximo domingo, ela subirá à passarela da São Paulo Fashion Week ao lado de Gisele e do ator americano Ashton Kutcher. "Vai ser um auê!" Mas isso não a assusta. "Se me colocassem de calcinha e sutiã eu ficaria assustada", afirma ela, que desfila frequentemente com as duas peças. "Ah, tu tem teus medos, né? No desfile da Victoria's Secret o mundo tá te vendo. São muitos fotógrafos e tu nunca sabe o ângulo que estão te fotografando. Imagina se tu cai e vai com as pernas lá em cima de lingerie?"

 

Hoje, a "angel" evita desfilar de biquíni e lingerie. "Tudo depende da proposta. É uma superexposição. No Brasil não desfilo de biquíni há anos", diz. Posar nua, mesmo que artisticamente, também está fora de seus planos no momento. "Nunca fiz nem topless mostrando o peito em campanha ou editorial de moda. Por achar que não valia a pena, por querer me preservar, para me dar valor. Mas se um dia eu achar que vai ficar incrível, tudo bem. Tudo pode ser negociado, ajeitado."

 

O patrimônio é administrado com a ajuda da mãe e de profissionais. "Invisto em imóveis, mas não gosto de falar disso [dinheiro]", diz ela, que planeja ter uma marca com o próprio nome, talvez de biquínis. Um sonho de consumo, conta, é um avião. "Não vou comprar, mas quebraria um galho (risos)!"

 

Alessandra adora ir a shows de rock. No dia em que ela recebeu a Folha, havia acabado de sair a lista de atrações do festival Coachella, nos EUA, que ela frequenta há anos. "Vou querer ver Duran Duran", avisa. Recentemente, ela assistiu ao show de Amy Winehouse em Florianópolis. "A voz dela é linda, mas foi um dos piores shows da minha vida", fala sobre a cantora inglesa famosa por se envolver com bebidas e drogas.
 

O tema, aliás, é algo que a preocupa desde que virou mãe. "Detesto drogas. Não sei como vou fazer com minha filha. Morro de preocupação", diz. "Já experimentei, mas não gosto de nada."


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