São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 1999

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Não somos favoritos

WALTER SALLES
especial para a Folha

Ao contrário dos festivais europeus (Berlim, Cannes, Veneza), tradicionalmente abertos a diferentes cinematografias e por isso mais facilmente decodificáveis, eventos como o Globo de Ouro são essencialmente voltados para o cinema americano, com códigos próprios, que não conhecemos.
Nesse sentido, a indicação de Fernanda Montenegro como melhor atriz na categoria drama já é em si uma vitória, que reafirma o seu imenso talento.
De qualquer forma, é necessário ter recuo em relação a essas possíveis premiações, olhar o processo com serenidade e pouco esperar, até porque não somos favoritos.
É bom lembrar que filmes independentes são feitos ou deveriam ser feitos apenas por desejo de cinema, por uma integridade de propósito. No caso de "Central do Brasil", os prêmios que recebemos são a decorrência direta desse desejo de se fazer um filme essencialmente brasileiro.
Assim, o que poderia ter acontecido de mais importante para o filme já ocorreu: o diálogo com o público no Brasil. Se esse diálogo não tivesse acontecido, os 27 prêmios que "Central" recebeu até agora não teriam qualquer significado.



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