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Modelo chora na passarela
da enviada a Milão
Uma temporada de moda, como já tentou provar Robert Altman no preconceituoso "Prêt-à-Porter", é um mundo à parte.
Tem suas regras, seus personagens característicos, uma infinidade de pequenas histórias que
compõem um grande panorama.
Sem filosofia barata, uma temporada traz momentos que avançam o mero sobe-desce de bainhas ou estica-e-puxa de tecidos
que muita gente entende como
moda, mas vão em direção a pequenos detalhes... humanos.
Durante o desfile da marca Callaghan, por exemplo, a modelo
Emily Sandberg apareceu, em
uma de suas entradas na passarela, com um fio de lágrima no rosto. Olhamos e olhamos de novo,
procurando outras modelos chorando. Seria mais um "recurso de
passarela"? Tipo: em momento de
delírio, teria algum stylist colocado a modelo chorando para "tentar retratar a tristeza ou a desilusão da mulher do ano 2000" ou
coisa que o valha?
Vai saber. O fato é que nenhuma outra modelo chorava. Depois, Emily (uma modelo já experiente, nenhuma novata) voltou
com o rosto seco -mas com a
marca da lágrima em sua maquiagem.
Efeito da iluminação intensa, de
algum grito com ela nos bastidores, de síndrome pré-menstrual
ou noite mal-dormida, Emily
chorou, e muita gente na platéia
da Callaghan viu. Essa tristeza valeu ali, sim, mais que mil palavras
na moda.
(EP)
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