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MÚSICA
Com cachê abaixo da média, grupo toca no Rio, onde é atração principal
Sem U2, Franz Ferdinand faz apresentação "barata"
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Agora sim. Longe da sombra (e
dos fãs) do U2 e longe ainda de
São Paulo, a banda escocesa Franz
Ferdinand nesta noite literalmente faz o "seu show". O grupo mais
dançante do rock dançante, mais
adorado por DJs eletrônicos e
mais fashion que um desfile do
Herchcovitch toca hoje, às 23h,
em apresentação "baratinha" e
com ingressos esgotados no Circo
Voador (r. dos Arcos, s/nš, RJ, tel.
0/xx/21/2533-0354).
"Não sei se estamos tocando em
troca de bilheteria, como você diz,
mas é certo que queríamos muito
tocar no Rio, e dinheiro não seria
o problema, porque já ganhamos
o suficiente tocando com o U2",
disse à Folha, alguns dias antes de
chegar ao Brasil, o guitarrista
Nick McCarthy.
"Nunca foi nossa intenção aparecer na América do Sul apenas
como banda de abertura do U2. E
queríamos também dar a chance
de nossos fãs verem o Franz Ferdinand sem ser em estádio e sem
pagar tanto dinheiro quanto o
que é preciso gastar em um show
que envolve o U2, por exemplo."
Banda "quase" escalada para o
abastado festival Claro que É
Rock, o Franz Ferdinand foi parar
no Circo Voador por um cachê
bem diferente dos cerca de US$ 75
mil que costuma cobrar por um
show fora do Reino Unido. Tudo
graças ao convite do U2 e da agenda apertada nos próximos meses.
O quarteto escocês, uma das
atrações principais do gigante
americano Coachella Festival
(Califórnia, em abril) e presença
garantida em pelo menos dez
grandes festivais do verão europeu, ainda saboreia o sucesso de
ter feito um segundo disco tão
bom e cheio de hits quanto o álbum de estréia. Lançado em outubro de 2005, "You Could Have It
So Much Better" já caminha para
seu terceiro single, "The Fallen",
que sai em março na Inglaterra.
A inesgotável energia do FF levou McCarthy a dizer que a banda
pretende gravar o terceiro álbum
ainda neste ano, "provavelmente
em setembro, se conseguirmos
entrar num estúdio".
Mas a banda tem outros planos
no espremido calendário entre os
shows do Brasil e a programação
de festivais pelo mundo: o Carnaval. Nem que seja só no único dia
livre da banda na América do Sul,
amanhã. "Seria muito estúpido de
nossa parte estar no Rio, ter essa
folga e não ver a festa."
O guitarrista afirmou que "sabia" como era São Paulo e Rio
sem mesmo nunca ter pisado nas
duas cidades. "Meu professor de
baixo acústico é brasileiro. Ele
usou músicas brasileiras para me
ensinar a tocar o instrumento,
mas não lembro o nome de nenhuma, infelizmente. Ele vive fazendo comparações entre Rio e
SP. Uma é paradisíaca, outra é gigante e industrial. Disse que nosso som deveria agradar mais as
pessoas de São Paulo, é verdade?"
O fãs do Franz Ferdinand no
Rio de Janeiro, que vai receber da
banda um show mais longo, mais
alto e com o público inteiro a favor, tem a oportunidade hoje à
noite de desmentir o professor de
baixo acústico de McCarthy.
De desmentir o professor brasileiro e concordar com o que profetizou Bono no show do U2, segunda passada. "Obrigado, Franz
Ferdinand. No ano que vem estaremos abrindo para vocês."
Vai brincando, Bono.
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