São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

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GUIA

Edição 2006 chega às livrarias dia 1º de março; Maisons de Bricourt ganha três estrelas

Michelin eleva só um restaurante

CRÍTICO DA FOLHA

Marcada para chegar às livrarias no dia 1º de março, a edição 2006 do guia Michelin da França -o mais importante guia de restaurantes do mundo- teve suas novidades oficialmente divulgadas nesta semana.
Neste ano há apenas uma promoção ao topo (cotação com três estrelas, que agora 26 casas no país ostentam): a do restaurante Maisons de Bricourt, do chef Olivier Roellinger, na cidade de Cancale -o único três estrelas da região da Bretanha.
Não chega a ser uma surpresa, pois há anos já era esperado que Roellinger, habilidoso na manipulação dos famosos frutos do mar de sua região, atingisse a cotação máxima (ele ganhara a primeira estrela do Michelin em 1984 e detinha duas desde 1988).

Prêmio ao rebelde
Mais curiosidade havia em torno de outra questão: que classificação daria o vetusto guia ao celebrado chef Alain Senderens, que no ano passado fechara seu restaurante Lucas-Carton (em Paris) alegando discordar de todo o sistema de premiação dos guias e "abrira mão" das três estrelas que ostentava há décadas?
No mesmo lugar, Senderens inaugurou um restaurante com seu nome, com pratos mais simples e preços mais baixos, avisando que não queria estrelas. O Michelin ignorou o apelo: deu duas estrelas a seu novo restaurante. A mesma cotação ganha outro superchef, Joël Robuchon, que, depois de atingir o ápice (e ser considerado um dos maiores chefs do século 20), decidira se aposentar.
Nos últimos anos, Robuchon voltou à cena, com restaurantes mais despretensiosos, em que ele sequer fica na cozinha, mas, ainda assim, um deles -La Table de Joël Robuchon, em Paris- alcançou as duas estrelas.

Rebaixado
Entre os perdedores, o mais notável é o La Tour d'Argent, monumento (um tanto cansado) da história gastronômica da França. Com sua vista emocionante da catedral de Notre Dame e seu famoso "pato numerado" (o "canard à la presse", cujo consumidor, desde 1890, recebe um cartão com o número do prato -o imperador japonês Hirohito comeu o de número 53.211 em 1921; Paul McCartney, o de número 692.048), o restaurante caiu de duas para uma estrela na edição 2006 do Michelin.
Fundado em 1900, o guia Michelin começou a dar uma estrela para restaurantes com destaque em 1926 e criou a classificação até três estrelas nos anos 30. Atualmente, além dos 26 restaurantes com três estrelas, 70 ostentam duas estrelas, e 425, uma. Na última década tem sofrido críticas em razão de ataques de ex-funcionários ou de erros (como o fato de ter incluído, no guia Benelux de 2005, um restaurante com uma estrela que ainda não havia aberto), mas continua a principal referência para os gourmets. (JM)


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