São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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DISCO LANÇAMENTO
"Se agradar a Salvador, já está bom", diz Daniela

Divulgação
Daniela Mercury, que lançou seu sexto CD, "Sol da Liberdade"


free-lance para a Folha


A cantora baiana Daniela Mercury concedeu na última terça uma entrevista coletiva sobre o seu mais recente CD, "Sol da Liberdade", lançado pela BMG. O disco chega às lojas logo depois do Carnaval, seguido da polêmica que Daniela causou com o "trio elétrico tecno", ou trio eletrônico, como foi chamado, com o qual desfilou pelas ruas de Salvador.
"No trio, estávamos eu, um baixista, um guitarrista, três percussionistas e dois DJs. A Folha estampou que fui vaiada, mas isso aconteceu só em dois lugares e com a participação de umas 20 pessoas no meio de uma multidão", afirmou a cantora.
Daniela defende a idéia da inovação baseada na "democracia do Carnaval" de rua na Bahia. "Eu disse para quem estava vaiando: "Vocês não se vestem de mulher nesta época? Por que eu não posso tocar tecno no Carnaval?". Eles entenderam e pararam de vaiar."
O CD pega o vácuo dessa apresentação e é propagandeado, em material distribuído para a imprensa, como o "trabalho mais internacional de Daniela". Há ainda a afirmação de que o disco coloca "uma antena parabólica" na Bahia, captando influências do pop mundial (em plágio descarado de Chico Science, que volta e meia propunha, metaforicamente, colocar antenas parabólicas na lama do mangue de Recife).
"Eu não quis fazer um disco para vender lá fora. Se eu agradar a Salvador, já está bom", rebate Daniela. Entretanto, três faixas do disco são produzidas por Emilio Estefan, marido de Gloria Estefan e principal promotor da explosão latina nos EUA, de Ricky Martin à gravação de "Santo, Santo", parceria de Gloria com os mineiros do Só Pra Contrariar.
Coincidência ou não, Daniela Mercury já guardou o mês de setembro em sua agenda para realizar uma turnê de "Sol da Liberdade" pelas terras de Tio Sam, como continuação de outra série de shows realizada na Europa, onde a cantora já tem público cativo em Portugal e na França.
No repertório do disco estão canções inéditas de Lenine e Dudu Falcão ("Só no Balanço do Mar"), Vanessa da Mata ("Viagem") e Caetano Veloso ("Axé Axé"). A penúltima faixa do disco é uma regravação de "De Tanto Amor", de Roberto Carlos.
Segundo Daniela, a idéia era gravar "Sua Estupidez", "mas o plano foi deixado de lado porque Maria Bethânia já gravou essa canção" (na verdade, quem registrou em disco a música do "rei" foi Gal Costa).
"Há muito tempo eu queria gravar algo do Roberto Carlos. Ele é o João Gilberto da canção romântica brasileira. Como estava sem tempo, pedi para a minha avó, que é pianista, escolher uma canção dele, e ela selecionou essa, dizendo que era a mais bonita. Eu concordo", disse Daniela.
Outra participação no disco fica por conta do produtor e músico iugoslavo Suba, morto em novembro de 99. Ele trabalhou na pré-produção do CD, mas, segundo a cantora, seu trabalho não foi aproveitado na íntegra porque "não foi possível manter tecnicamente o que ele fez".
No encarte do disco, Suba é creditado pela linha de baixo de "Sol da Liberdade" e por um dos teclados de "Viagem".
Na canção-título do CD, Daniela Mercury divide os vocais com Milton Nascimento. A presença do cantor e compositor no disco é explicada de maneira simples pela cantora: "Estava louca para ver Milton, negro de Minas Gerais, cantando samba-reggae". Na versão séria (e populista): "Quando a gente ouve Milton, sente o Brasil". (RODRIGO DIONISIO)


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