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DISCO LANÇAMENTO
"Se agradar a Salvador, já está bom", diz Daniela
Divulgação
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Daniela Mercury, que lançou seu sexto CD, "Sol da Liberdade" |
free-lance para a Folha
A cantora baiana Daniela Mercury concedeu na última terça
uma entrevista coletiva sobre o
seu mais recente CD, "Sol da Liberdade", lançado pela BMG. O
disco chega às lojas logo depois
do Carnaval, seguido da polêmica
que Daniela causou com o "trio
elétrico tecno", ou trio eletrônico,
como foi chamado, com o qual
desfilou pelas ruas de Salvador.
"No trio, estávamos eu, um baixista, um guitarrista, três percussionistas e dois DJs. A Folha estampou que fui vaiada, mas isso
aconteceu só em dois lugares e
com a participação de umas 20
pessoas no meio de uma multidão", afirmou a cantora.
Daniela defende a idéia da inovação baseada na "democracia do
Carnaval" de rua na Bahia. "Eu
disse para quem estava vaiando:
"Vocês não se vestem de mulher
nesta época? Por que eu não posso tocar tecno no Carnaval?". Eles
entenderam e pararam de vaiar."
O CD pega o vácuo dessa apresentação e é propagandeado, em
material distribuído para a imprensa, como o "trabalho mais internacional de Daniela". Há ainda
a afirmação de que o disco coloca
"uma antena parabólica" na Bahia, captando influências do pop
mundial (em plágio descarado de
Chico Science, que volta e meia
propunha, metaforicamente, colocar antenas parabólicas na lama
do mangue de Recife).
"Eu não quis fazer um disco para vender lá fora. Se eu agradar a
Salvador, já está bom", rebate Daniela. Entretanto, três faixas do
disco são produzidas por Emilio
Estefan, marido de Gloria Estefan
e principal promotor da explosão
latina nos EUA, de Ricky Martin à
gravação de "Santo, Santo", parceria de Gloria com os mineiros
do Só Pra Contrariar.
Coincidência ou não, Daniela
Mercury já guardou o mês de setembro em sua agenda para realizar uma turnê de "Sol da Liberdade" pelas terras de Tio Sam, como
continuação de outra série de
shows realizada na Europa, onde
a cantora já tem público cativo em
Portugal e na França.
No repertório do disco estão
canções inéditas de Lenine e Dudu Falcão ("Só no Balanço do
Mar"), Vanessa da Mata ("Viagem") e Caetano Veloso ("Axé
Axé"). A penúltima faixa do disco
é uma regravação de "De Tanto
Amor", de Roberto Carlos.
Segundo Daniela, a idéia era
gravar "Sua Estupidez", "mas o
plano foi deixado de lado porque
Maria Bethânia já gravou essa
canção" (na verdade, quem registrou em disco a música do "rei"
foi Gal Costa).
"Há muito tempo eu queria gravar algo do Roberto Carlos. Ele é o
João Gilberto da canção romântica brasileira. Como estava sem
tempo, pedi para a minha avó,
que é pianista, escolher uma canção dele, e ela selecionou essa, dizendo que era a mais bonita. Eu
concordo", disse Daniela.
Outra participação no disco fica
por conta do produtor e músico
iugoslavo Suba, morto em novembro de 99. Ele trabalhou na
pré-produção do CD, mas, segundo a cantora, seu trabalho não foi
aproveitado na íntegra porque
"não foi possível manter tecnicamente o que ele fez".
No encarte do disco, Suba é creditado pela linha de baixo de "Sol
da Liberdade" e por um dos teclados de "Viagem".
Na canção-título do CD, Daniela Mercury divide os vocais com
Milton Nascimento. A presença
do cantor e compositor no disco é
explicada de maneira simples pela cantora: "Estava louca para ver
Milton, negro de Minas Gerais,
cantando samba-reggae". Na versão séria (e populista): "Quando a
gente ouve Milton, sente o Brasil".
(RODRIGO DIONISIO)
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