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CRÍTICA/"HOMEM URSO"
Diretor disseca personagem
CRÍTICO DA FOLHA
Na temporada em que pingüins fotogênicos levaram o
Oscar de documentário, ursos
mal-encarados nem mesmo obtiveram uma vaga entre os cinco finalistas da categoria. Já seria um
bom marco divisor, mas as substanciais diferenças entre "A Marcha dos Pingüins" e "Homem Urso", exibido amanhã em São Paulo, dizem respeito, no fundo, ao
que move um cineasta.
Werner Herzog foi atraído pela
idéia de entender quem foi o ecologista Timothy Treadwell (1957-2003), morto em companhia da
namorada por um dos perigosos
ursos que tentou proteger.
Ele vivia longos períodos entre
eles, filmava documentários amadores e procurava convencer a todos que não havia motivo para temê-los, embora reconhecesse que
os animais pudessem matar um
homem num piscar de olhos.
Treadwell aparece na abertura
do documentário, em um de seus
filmes caseiros. Fala sobre a possibilidade da morte e o "precipício"
à beira do qual vivia. Dias depois,
caiu nele. Herzog disseca o personagem com genuíno interesse e
respeito. Alguém se lembra de um
diretor de documentário choran2do na tela por alguém que jamais
conheceu?
Na impossibilidade de compreender por que Treadwell firmou seu pacto, "Homem Urso"
faz da própria investigação sua razão de ser, como um detetive que,
ciente da impossibilidade de decifrar um mistério, se satisfaça em
mergulhar nele. E nos levar junto.
(SR)
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