São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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CRÍTICA/"HOMEM URSO"

Diretor disseca personagem

CRÍTICO DA FOLHA

Na temporada em que pingüins fotogênicos levaram o Oscar de documentário, ursos mal-encarados nem mesmo obtiveram uma vaga entre os cinco finalistas da categoria. Já seria um bom marco divisor, mas as substanciais diferenças entre "A Marcha dos Pingüins" e "Homem Urso", exibido amanhã em São Paulo, dizem respeito, no fundo, ao que move um cineasta.
Werner Herzog foi atraído pela idéia de entender quem foi o ecologista Timothy Treadwell (1957-2003), morto em companhia da namorada por um dos perigosos ursos que tentou proteger.
Ele vivia longos períodos entre eles, filmava documentários amadores e procurava convencer a todos que não havia motivo para temê-los, embora reconhecesse que os animais pudessem matar um homem num piscar de olhos.
Treadwell aparece na abertura do documentário, em um de seus filmes caseiros. Fala sobre a possibilidade da morte e o "precipício" à beira do qual vivia. Dias depois, caiu nele. Herzog disseca o personagem com genuíno interesse e respeito. Alguém se lembra de um diretor de documentário choran2do na tela por alguém que jamais conheceu?
Na impossibilidade de compreender por que Treadwell firmou seu pacto, "Homem Urso" faz da própria investigação sua razão de ser, como um detetive que, ciente da impossibilidade de decifrar um mistério, se satisfaça em mergulhar nele. E nos levar junto. (SR)

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