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"Por um Fio" retrata aproximação da morte
Texto reúne relatos de livro de Drauzio Varella
LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Quando a percepção da finitude se torna incontornável, as
reações podem variar da resignação à resolução de fruir a vida ao máximo no tempo que
resta. No livro "Por um Fio"
(2004), o médico e colunista da
Folha Drauzio Varella fez um
compêndio dos comportamentos de pacientes diante da aproximação da morte.
Essa colagem de vidas ressignificadas pela consciência do
fim agora ganha a cena no espetáculo homônimo em que Moacir Chaves dirige Regina Braga
e Rodolfo Vaz. A peça aporta
hoje no Festival de Curitiba,
antes ir a São Paulo, onde cumpre temporada a partir do dia 3
de abril, no Sesc Consolação.
Para contar histórias como a
de Vicente, o rapaz que, apesar
dos três nódulos no pulmão, resiste o suficiente para ser promovido duas vezes no trabalho,
casar-se e comprar um apartamento, a produção não se vale
de verniz dramatúrgico. O que
se vê não é uma adaptação, mas
antes uma transposição "editada": foram escolhidas 11 tramas
do original, que tiveram trechos suprimidos e são narradas
pelos atores sem a preocupação
de encarnar personagens.
"É como se fosse um show
com 11 canções em ritmos diferentes", diz Braga, 63, referindo-se à variação de registros
-há pelo menos uma cena
francamente cômica. "Houve,
sim, uma busca de compensação. Não queríamos chocar, ser
sádicos. Buscamos trabalhar
com o oposto da repulsa que a
morte costuma despertar",
acrescenta Chaves, 44.
Vaz, 48, reitera esse propósito. "O mote da peça é a percepção do tempo. Não há morbidez, não ficamos "futucando" a
morte. É uma reflexão sobre a
vida, o que pressupõe tratar de
morte em determinado momento. Saio da peça com vontade de beber e celebrar a vida."
O diretor também insere a
peça em outro campo simbólico: "O texto ultrapassa em muito sua aparência: não fala simplesmente de doentes, mas
aponta para nós. Se vamos
morrer, para que tanto apego,
vaidade e violência?".
O jornalista LUCAS NEVES está hospedado a
convite do festival
POR UM FIO
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: no Teatro da Reitoria (r. 15 de
Novembro, 1.299, Curitiba)
Quanto: R$ 40
Classificação: não indicado a menores
de 12 anos
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