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SHOW CRÍTICA
Deep Purple continua vivo e muito bom
ROGÉRIO SIMÕES
da Redação
Um garoto, aparentando 18 anos
e vestindo uma camiseta da banda
punk-pop Offspring, aguarda na
fila do Via Funchal. Para ver
quem? Bad Religion? Green Day?
Bush? Não, Deep Purple.
Mas o que faz ele ali, afinal?
Quando ele nasceu, os astros da
noite já eram uma banda morta,
ídolos do hard rock de arena que o
punk prometeu destruir.
Em torno dele, velhos quarentões saudosistas, certo? Não exatamente. No meio da massa, a figura
do garoto que está começando a
dirigir se multiplica.
Quando a gente percebe, os meninos, com suas bermudas de surfista, já tomaram conta da platéia.
Onde está o segredo? Fãs de rock
costumam ser jovens. Como a
maioria das pessoas, gostam de
mitos. E Deep Purple é um mito
que mostraria ser ainda uma banda excepcional.
Quando o grupo sobe ao palco,
os garotos olham como se não
acreditassem. Ian Gillan de cabelo
curto, mas com a voz afinadíssima.
Em "Strange Kind of Woman", o
primeiro clássico da noite, o público pula de forma anárquica, como
se estivesse em um show punk.
Chega "Bloodsucker" e percebe-se que Gillan não vai deixar barato:
arrisca (e se dá bem) ousados agudos. "Pictures of Home", com a
tradicional paradinha no final, dá
início à primeira série de solos e
improvisos. Show!
Difícil dizer o que mais mexeu
com os jovens e velhos fãs. "Speed
King" (até hoje, uma das músicas
mais pesadas de todos os tempos),
a maravilhosa "Lazy" ou "Woman
from Tokyo", cantada por todos,
como se estivesse sendo tocada todos os dias nas rádios do país.
Steve Morse é um espetáculo à
parte. Respeita os solos originais
de Ritchie Blackmore, mas dá seu
toque todo pessoal.
Sozinho no palco, ele entra com
as famosas notas de "Kashmir", do
Led Zeppelin. Ian Paice passa a
acompanhá-lo na bateria, numa
rápida homenagem ao histórico
parceiro de hard rock do Purple.
Morse ainda homenageia Hendrix,
com "Voodoo Chile".
Em seguida, "Smoke on the Water", que em resposta da platéia só
perdeu para "Perfect Strangers".
Como se conhecessem todas as notas já criadas pela banda, os fãs reagem em coro ao início de "Black
Night". "Highway Star" acaba com
o que havia sobrado de músculos e
ossos de qualquer um.
O garoto com a camisa do Offspring pensa: "Como eles conseguem?". Difícil para ele vai ser encarar agora os lançamentos de hoje
em dia. Pelo menos ele conheceu
aqueles que fizeram alguns dos
maiores clássicos da história. E que
continuam vivos. E muito bons.
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