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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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ANÁLISE

Epidemia de sarcasmo e riso

MARCELO RUBENS PAIVA
ARTICULISTA DA FOLHA

Mauro Rasi foi um dos pais do besteirol, gênero inventado nos anos 80 que se espalhou pelo Brasil como uma epidemia de sarcasmo e riso. Tudo muito simples: a classe média queria voz, depois de ser considerada subclasse em décadas de teatro engajado.
Era o fim das discussões sobre a miséria brasileira. Em cena, o caráter da família, o ridículo de cada um, o ser comum com dúvidas existenciais aparentemente banais. Um renascimento.
Comédias como "Pérola", de Mauro Rasi, levaram milhões aos teatros. Comédias tataranetas de um teatro de revista em que os acontecimentos do dia-a-dia eram satirizados pela turma sem papas na língua.
O regime militar empastelou a classe teatral, um pequeno foco revolucionário que exigia a politização das artes e de seu alvo.
O teatro teve de se virar para achar um modo de não ferir a doutrina de segurança nacional: produções baratas, essencialmente cômicas, que não julgassem o público, mas jogassem com ele.
Duplas como as de Miguel Falabella e Guilherme Karam, Pedro Cardoso e Felipe Pinheiro personificavam a quem os assistia. O besteirol foi longe.
Brotam novos autores, como Vicente Pereira, Maria Adelaide Amaral, Flávio de Souza, Alcides Nogueira, Naum Alves de Souza e Marcos Caruso. Mas o maior de todos sempre foi Mauro Rasi
Não tocava em temas polêmicos nem convocava grandes tabus. Seus ídolos: Arthur Miller, Billy Wilder e os musicais. Seu ponto de partida: a cidade paulista de Bauru, as conversas com as tias.


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